Skip to main content

Declarações do Presidente da AFIA ao Jornal de Negócios sobre a Autoeuropa

Indústria nacional quer “expressão maior nas compras da Autoeuropa”

Presidente da AFIA diz que a indústria nacional “tem capacidade para ser um fornecedor competente e competitivo” da Autoeuropa. José Couto não esconde o desejo de os fabricantes nacionais terem maior peso nas compras da Volkswagen em Portugal.

in Jornal de Negócios, por Diana do Mar e Vítor Rodrigues Oliveira, 12-09-2023


Diz-se que “no meio da dificuldade reside a oportunidade”. A frase de autoria anónima, por muitos atribuída ao alemão Einstein, parece fazer particular sentido numa altura em que a Volkswagen (VW) em Portugal se viu obrigada a parar a produção em Palmela devido à falta de uma peça, descrita como “essencial à construção de motores”, resultante das dificuldades de um único fornecedor, pelo menos olhando pelo prisma da indústria nacional de componentes automóveis

“Gostávamos de ter uma expressão maior nas compras da Autoeuropa”, diz o presidente da A ssociação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), José Couto, para quem tal seria “importante” não apenas para as empresas, mas também para a economia nacional. Ao Negócios, José Couto diz não dispor, de momento, de números exatos e concretos sobre o peso atual da indústria nacional de componentes nas compras da VW, até pela dificuldade em aferir com precisão essa realidade. E dá um exemplo: “A Autoeuropa chega a comprar fora do país e algumas empresas nacionais produzem para essas empresas”.

José Couto adianta, no entanto, que está a ser feito um levantamento junto das 350 empresas associadas da AFIA, iniciado precisamente após o anúncio da paragem forçada daquela que é a maior fábrica de produção de veículos de Portugal. “Estamos atualmente numa fase de avaliação da importância do que podia ser até para o país o aumento, por exemplo, de 20% da atividade dos fabricantes nacionais de componentes dirigido para a Autoeuropa. Isso é um dado muito importante, porque, obviamente, iria aumentar o valor acrescentado da Autoeuropa”, revela o mesmo responsável. Segundo dados publicados pela VW, em volume, a percentagem de compras a fornecedores nacionais, excluindo o das de fornecedores do Grupo Volkswagen, foi de 56% em 2022.

A indústria portuguesa “tem capacidade para ser um fornecedor competente e competitivo VW em Portugal”, defende o líder da AFIA: “A Autoeuropa vendeu aproximadamente 3 .700 milhões no ano passado e a indústria de componentes em Portugal faturou 13.000 milhões que dirige quase na totalidade para o mercado internacional, ou seja, para as exportações. Acho que a indústria portuguesa tem condições para poder vender mais da sua produção para a Autoeuropa”.

Rota de crescimento sem desvios (por enquanto)

Apesar do “efeito negativo” da paragem de produção da VW, o presidente da AFIA acredita que não vai travar a “senda de crescimento” das vendas de componentes automóveis, cujas exportações estavam a crescer a dois. dígitos, há 14 meses consecutivos, segundo os dados até julho. “ A manter-se a tendência de crescimento nos mercados europeus e também o aumento da penetração dos fornecedores nacionais nos seus clientes podemos dizer que vamos crescer mais do que o ano passado”, arrisca José Couto.O líder da AFIA ressalva, no entanto, que o caso da Autoeuropa foi uma “surpresa” pelo que, a todo o momento, as “boas perspetivas” podem deixar de o ser. “Podem acontecer coisas como o que aconteceu agora. Imaginemos que param duas fábricas no centro da Europa que são as maiores e clientes da indústria automóvel. Assim, passaremos a ter números maus. Estamos sujeitos a perturbações conjunturais”, reforça José Couto.

Oportunidade na dificuldade

O vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e da comissão executiva da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Rafael Campos Pereira, reconhece que a paragem de produção na Autoeuropa gera “alguma apreensão” havendo, aliás, “um conjunto de empresas afetadas”, mas ressalva que, “nalguns casos, até pode ser uma oportunidade para subirem na cadeia de valor”.

A mesma opinião é partilhada, por Luís Mira Amaral, que teve um papel “decisivo” na vinda da VW (então com a Ford) para Palmela – depois de, na sequência de um almoço, em Genebra, com o administrador financeiro do grupo ter conseguido pôr Portugal no “radar” do investimento – e que, então, na qualidade de ministro da Indústria e da Energia ajudou a dinamizar a indústria nacional de componentes. “Esta é uma boa oportunidade para esta se apresentar à Autoeuropa e tentar vender mais”. “Todas as dificuldades geram oportunidades, não é?”

Fabricantes de componentes esperam manter crescimento, apesar de “efeito negativo” da paragem da VW.

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.