Indústria de Componentes Automóveis em Portugal
in Revista ASPECTOS, artigo de opinião de Adão Ferreira, Secretário-Geral da AFIA
A indústria portuguesa de componentes automóveis no ano de 2022 registou um aumento de 6,9% face a 2021. A AFIA estima que as vendas globais terão subido para os 12.000 milhões de euros, recorde em termos absolutos.
As vendas diretas para o mercado externo ultrapassaram pela primeira vez a barreira dos 10.000 milhões de euros, concretamente atingiram os 10.200 milhões de euros (+7,2% face a 2021), enquanto as vendas para o mercado nacional ascenderam aos 1.800 milhões de euros. Em termos de quota, as exportações (diretas) representam 85% da atividade das empresas, sendo que o mercado nacional absorve os restantes 15%.
As empresas da indústria de componentes automóveis empregam diretamente 62.000 pessoas em Portugal, o que representa 9,1% do emprego da indústria transformadora.
Entre 2015 e 2019 foram criados mais de 14.000 novos postos de trabalhos. Entre 2020 e 2022 o número de pessoas ao serviço estabilizou nas 62.000. As empresas têm feito tudo para manter estável a sua estrutura de recursos humanos, sem grandes oscilações.
A Indústria Portuguesa de Componentes Automóveis tem revelado um desempenho acima da produção automóvel na Europa. Entre 2015-2022 cresceu a uma taxa de +4,6% ao ano, o que compara com um decréscimo médio anual de -3,8% da produção automóvel na Europa.
Esta performance só é possível ser conseguida pela resiliência, competitividade e fiabilidade continuadamente demonstradas pela indústria junto dos clientes internacionais. Refira-se que 98% dos carros produzidos na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal.
Em termos de importância na economia nacional, as 350 empresas que integram a indústria de componentes automóveis, representam na sua totalidade 5,0% do PIB, 9,1% do emprego da indústria transformadora e 13% das exportações nacionais de bens transacionáveis.
A indústria automóvel caracteriza-se por fortes efeitos estruturantes e multiplicadores em termos de desenvolvimento dos sectores a montante, elevados graus de cooperação entre as empresas e um importante relacionamento com universidades e centros de engenharia e I&D, alicerçado pelo apoio das suas Associações Sectoriais.
São conhecidos os elevados graus de exigência e de competitividade desta indústria, que obriga as empresas a recorrer a processos tecnológicos sofisticados, a manter uma dinâmica de contínuo desenvolvimento e inovação de produtos/tecnologias/processos, a seguir conceitos de qualidade total e de excelência nas operações, requerendo recursos humanos altamente qualificados, só possível através de formação contínua e valorização profissional nas empresas.
Acrescendo ao favorável comportamento do mercado nacional e internacional há as oportunidades derivadas das tendências de evolução tecnológica do automóvel como a limitação de emissões, a condução autónoma e o aumento da conectividade. Estas tendências criam janelas de oportunidade para a indústria automóvel em Portugal.
A AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel está em contacto permanente com todas as entidades que têm poder para influenciar o sector, sensibilizando-as para estas realidades e incentivando-as no sentido das intervenções possíveis e desejáveis.
Portugal, entenda-se as entidades públicas em coordenação com as privadas, deveria ter um plano de contacto com todos os construtores de automóveis e com os grandes fornecedores/integradores internacionais de componentes (os “Tier 1”) para captar os seus projetos e investimentos.
Deveríamos promover a imagem do país no exterior com vista à captação de mais investimento estrangeiro, com particular enfoque na necessidade de atrair um novo construtor automóvel para estabelecimento de uma nova linha de montagem. Aquela teria um elevado impacto de alavancagem para toda a indústria de componentes automóveis.
Revista ASPECTOS / Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa
INVESTIR AU PORTUGAL: SECTEURS CLÉS ET OPPORTUNITÉS
L’Industrie des composants automobiles au Portugal
in ASPECTOS, par Adão Ferreira, Secrétaire Général AFIA
L’industrie portugaise des composants automobiles a enregistré en 2022 une progression de 6,9 % par rapport à 2021. L’AFIA estime que les ventes globales se sont élevées à 12 milliards d’euros, un record absolu.
Les ventes directes sur le marché étranger ont dépassé pour la première fois la barrière des 10 milliards d’euros, atteignant exactement 10,2 milliards d’euros (+7,2 % par rapport à 2021), tandis que les ventes sur le marché national se sont élevées à 1,8 milliard d’euros. En termes de répartition, les exportations (directes) représentent 85 % de l’activité des entreprises, le marché intérieur absorbant les 15 % restants
Les entreprises du secteur des composants automobiles emploient directement 62 000 personnes au Portugal, ce qui représente 9,1 % de l’emploi de l’industrie manufacturière
Entre 2015 et 2019, plus de 14 000 nouveaux emplois ont été créés. Entre 2020 et 2022, le nombre de travailleurs s’est stabilisé à 62 000. Les entreprises ont tout fait pour garantir la stabilité de la structure de leurs ressources humaines, sans fluctuations majeures.
L’industrie portugaise des composants automobiles a affiché des performances supérieures à celles de la production automobile en Europe. Entre 2015 et 2022, elle a progressé à un rythme de 4,6 % par an, contre une baisse annuelle moyenne de -3,8 % de la production automobile en Europe
Cette performance n’a été possible que grâce à la résilience, la compétitivité et la fiabilité constantes de l’industrie vis-àvis des clients internationaux. Soulignons que 98 % des voitures produites en Europe ont au moins un composant fabriqué au Portugal
En termes d’importance dans l’économie nationale, les 350 entreprises qui composent l’industrie des composants automobiles représentent au total 5 % du PIB, 9,1 % de l’emploi de l’industrie manufacturière et 13 % des exportations nationales de biens marchands.
L’industrie automobile se caractérise par de forts effets structurants et multiplicateurs en matière de développement des secteurs en amont, des degrés élevés de coopération entre les entreprises et une relation importante avec les universités et les centres d’ingénierie et de R&D, avec le soutien de ses associations sectorielles. Les niveaux élevés d’exigence et de compétitivité de cette industrie sont bien connus, obligeant les entreprises à utiliser des procédés technologiques sophistiqués, à maintenir une dynamique de développement et d’innovation continus de produits/technologies/processus, à suivre des concepts de qualité totale et d’excellence dans les opérations, nécessitant des ressources humaines hautement qualifiées, ce qui n’est possible que grâce à la formation continue et au développement professionnel au sein des entreprises.
Au comportement favorable du marché national et international s’ajoutent les opportunités découlant des tendances de l’évolution technologique de l’automobile, telles que les limites d’émission, la conduite autonome et l’augmentation de la connectivité. Ces tendances créent des opportunités pour l’industrie automobile au Portugal.
L’AFIA (Association des fabricants pour l’industrie automobile) est en contact permanent avec toutes les entités qui ont le pouvoir d’influencer le secteur, en les sensibilisant à ces réalités et en les encourageant à mettre en oeuvre toutes les interventions possibles et souhaitables. Le Portugal, dans le sens des entités publiques en coordination avec les entités privées, devrait avoir un plan de prise de contact avec tous les constructeurs automobiles et avec les grands fournisseurs/ intégrateurs internationaux de composants (les « Tier 1 ») afin de capter leurs projets et leurs investissements.
Nous devrions promouvoir l’image du pays à l’étranger afin d’attirer davantage d’investissements étrangers, en mettant particulièrement l’accent sur la nécessité d’attirer un nouveau constructeur automobile pour établir une nouvelle unité d’assemblage. Cela aurait un effet de levier important pour l’ensemble de l’industrie des composants automobiles.
ASPECTOS, Revue de la Chambre de Commerce et d’Industrie Luso-Française