Trata-se do UltraContact NXT, o mais sustentável pneu do gigante grupo germânico, que opera sete empresas em Portugal, onde emprega mais de 3.700 pessoas.
in Jornal de Negócios, por Rui Neves, 31-08-2023
O primeiro pneu da Mabor saiu da fábrica de Lousado, Vila Nova de Famalicão, a 6 de abril de 1946.
Porquê Mabor? A empresa adotou as iniciais do nome de Maria Borges – esposa de Francisco Borges, o sócio do banco português que financiou grande parte da construção da Mabor, sendo que a filha deste casal, Maria Emília Fernandes Borges, casou com o Júlio Anahori de Quental Calheiros, mais conhecido por Conde da Covilhã e o principal rosto do investimento.
A primeira unidade produtora de pneus em Portugal viria a ser adquirida, nos anos 80, pelo já falecido Américo Amorim, que, em 1990, fez uma parceria estratégica com a gigante alemã Continental, que começou por controlar 60% da empresa, tendo tomado os 100% da sua subsidiária de Lousado em 1993.
O grupo alemão decidiu manter a histórica marca Mabor na denominação da sua fábrica portuguesa, que, ainda hoje, se chama Continental Mabor.
Foi a 2 de julho de 1990 que se produziram na nova empresa os primeiros pneus para automóveis. Até ao final desse ano, cerca de seis mil pneus saíram diariamente desta unidade industrial, tendo em quatro anos triplicado a produção para 18 mil por dia.
Quando comemorou 30 anos de existência, em julho de 2020, a Continental Mabor comunicou que das suas linhas de produção tinha saído quase 350 milhões de pneus.
Em rigor, desde 2 de julho de 1990 tinham sido vulcanizados nesta fábrica cerca de 345,9 milhões de pneus para automóveis, 52 mil pneus para uso agrícola e cerca de quatro mil para portos e minas.
Trata-se de uma fábrica que foi já ampliada em cerca de sete vezes em relação à sua área inicial, com o grupo alemão a investir quase 1.000 milhões de euros, ao longo destes anos, em Portugal, onde detém um conglomerado de sete empresas e emprega 3.700 pessoas.
“O mais tardar até 2050, todos os pneus novos da Continental deverão ser fabricados com materiais 100% sustentáveis”
31 de agosto de 2023: “Em Lousado, a Continental produz o UltraContact NXT, atualmente o pneu da série mais sustentável do mercado”, revela a empresa, em comunicado, a propósito de a fábrica de pneus do grupo em Famalicão ter recebido recentemente a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC PLUS).
“Esta certificação, reconhecida internacionalmente, confirma a conformidade da Continental com os padrões especiais de sustentabilidade na sua fábrica de Lousado. Confirma também a transparência relativamente à rastreabilidade da matérias-primas utilizadas nos processos de produção de pneus. Ao certificar as matérias-primas, a Continental pode garantir a completa rastreabilidade dos materiais provenientes de origens sustentável”, explica a empresa.
De acordo com a Continental, o UltraContact NXT “tem uma quota de até 65% de materiais renováveis, reciclados e com certificação de balanço de massa”, sendo que “até 28% deste valor corresponde a materiais certificados pelo ISCC PLUS, como a borracha sintética feita de biobutadieno ou o negro de fumo industrial, uma parte dos quais são produzidos a partir de óleo circular”.
“O UltraContact NXT, o nosso pneu mais sustentável até à data, é produzido em Lousado, Vila Nova de Famalicão. Estou muito orgulhoso do desempenho da nossa equipa e da grande evolução que estamos a fazer na área da sustentabilidade ao longo de toda a cadeia de valor, e não apenas na nossa fábrica. O sucesso na nossa certificação ISCC PLUS é outro grande exemplo”, enfatiza Pedro Carreira, CEO da fábrica de pneus da Continental em Lousado.
De resto, realça o grupo alemão, “a certificação da fábrica da Continental em Lousado é mais um passo importante no caminho da Continental para utilizar mais de 40% de materiais renováveis e reciclados nos seus pneus até 2030 e para se tornar completamente neutra para o clima até 2050. O mais tardar até 2050, todos os pneus novos da Continental deverão ser fabricados com materiais 100% sustentáveis”, sinaliza.
A Continental fechou 2022 com vendas de 39,4 mil milhões de euros e emprega atualmente cerca de 200 mil pessoas em 57 países.
No negócio dos pneus, o grupo alemão tem 24 locais de produção e desenvolvimento em todo o mundo, tem 57 mil trabalhadores e fechou o último exercício com uma faturação de 14 mil milhões de euros.