Antiga CACIA acaba 2024 com maior número de colaboradores de sempre

“2024 foi extraordinário, 2025 será incrível”. Raynald Joly, Diretor Geral da Horse Aveiro (ex-CACIA) remata, assim, uma mensagem partilhada no final de “um ano de arranque de novas atividades” na fábrica do grupo Renault.

in Notícias de Aveiro, 27-12-2024


A Horse Aveiro prosseguiu nos últimos meses a adaptação das suas instalações industriais para fabricar motorizações híbridas.

“Acabamos o ano com o maior número de trabalhadores da história da empresa”, refere o Diretor Geral numa nota partilhada pelas redes sociais a pretexto de uma semana que foi de “celebração” da quadra festival.

A Festa de Natal para os filhos dos colaboradores junto mais de 700 pessoas. Realizaram-se teambuildings e reuniões alargadas com os 1458 trabalhadores, em cada horário, incluindo visitas às novas linhas de montagem e momentos de convívio.

“Desejo umas boas festas à todos os colaboradores da Horse Aveiro, familiares e amigos, aos colegas das várias entidades da HORSE que nos acompanharam este ano, aos nossos fornecedores, prestadores de serviço, parceiros que nos ajudam a crescer” concluiu Raynald Joly, acreditando que depois de um 2024 a bom nível, o próximo ano será ainda de maior crescimento.

Borgstena integra iniciativa Science Based Targets

A Borgstena anunciou este mês de dezembro a sua integração na iniciativa Science Based Targets, criada com o objetivo de ajudar as empresas a crescerem de forma sustentável e fazerem a transição para uma economia de emissões zero. Tem agora 24 meses para desenvolver uma meta baseada na ciência e que se alinhe com os critérios da SBTi.

in Jornal T, por Bebiana Rocha, 23-12-2024


A SBTi é uma organização corporativa de ação climática que permite às empresas e instituições financeiras desempenharem o seu papel no combate à crise climática, atua no desenvolvimento de padrões, ferramentas e orientações para que empresas e instituições financeiras estabeleçam metas de redução de gases de efeito de estufa.

Fazem parte da rede 9.833 empresas, entre as quais as portuguesas: Altri, Bondalti Chemicals, Rangel, Riopele, Tintex Textiles e TMG Automotive. Existe já um separador criado especificamente para o sector têxtil e vestuário, que está a ser desenvolvido com o intuito de servir de guia para as empresas contando com indicadores de avaliação de critérios.


Isabel Furtado: terceira geração ao leme da TMG Automotive

Isabel Furtado é neta do fundador do grupo Têxtil Manuel Gonçalves. Mas nem por isso deixa de querer fazer a empresa, e o seu valor, crescer, mostrando estar a seguir à risca o lema familiar: “A nossa estratégia é a geração seguinte”.

in O Jornal Económico, por Inês Pinto Miguel, 23-12-2024


“Isabel Furtado, CEO”: É assim que a líder da Têxteis Manuel Gonçalves (TMG) se apresenta na rede LinkedIn para quem a pretende conhecer.

A gestora, atualmente com 62 anos, faz parte da terceira geração de fundadores do grupo TMG. Está ligada ao grupo nortenho há mais de 20 anos e a revista Forbes Portugal indica mesmo que se trata de um dos rostos mais mediáticos no setor da indústria nacional, ainda predominado pelo sexo masculino.

Assim, por este e outros fatores (Fortuna, Poder de Decisão, Poder de Influência, Dimensão do Negócio e Empreendedorismo), a Forbes Portugal coloca Isabel Furtado na quarta posição da categoria Indústria do ranking anual das mulheres portuguesas mais poderosas nos negócios, atribuindo-lhe uma avaliação de 67 pontos.

Neta do fundador do grupo têxtil, dedicou-se aos estudos fora de Portugal: fez o ensino básico em Toronto (Canadá) e o secundário em Inglaterra. Foi aqui que se fixou e ficou para completar a licenciatura em Economia na Universidade de Manchester.

A entrada de Isabel Furtado na empresa aconteceu em 2000, no virar da década e do século. Nesta altura assumiu o cargo de responsável pela área da Qualidade e desde 2008 que evoluiu até se tornar CEO da TMG Automotive, área do grupo que se dedica ao setor automóvel e têxteis mais inovadores.

Na verdade, Isabel Furtado é responsável por mais de metade dos 1.400 trabalhadores do grupo, evidenciando a aposta familiar neste segmento do ramo automóvel.

E a TMG Automotive não é desconhecida. A empresa liderada por Isabel Furtado desde outubro de 2008 fabrica material têxtil e revestimentos para o interior de automóveis de cerca de 23 marcas, onde se encontram as mais conhecidas como BMW, Mercedes, Porsche e Toyota. Toda a produção da TMG Automotive é exportada, sobretudo para dentro da Europa.

Durante quatro anos foi presidente da direção da COTEC Portugal, entre 2018 e 2022, mostrando que é ativa na economia portuguesa. Nesse período, em julho de 2019, recebeu o prémio Dona Antónia, de Consagração da Carreira.

Num evento sobre Indústria promovido pelo prémio Portugal Inspirador, iniciativa do grupo Medialivre, que aconteceu este ano, Isabel Furtado mostrou que existe um lema dentro da empresa familiar: “A nossa estratégia é a geração seguinte. A empresa não é minha; está nas minhas mãos, e devo entregá-la à próxima geração, de preferência, em melhores condições do que quando a recebi”, sustentou Isabel Furtado durante o evento.

E, de facto, é isso que tem feito quando aposta na internacionalização da marca do grupo e na qualidade portuguesa. Em 2015, a TMG Automotive abriu uma empresa comercial na China, composto com um armazém para acabamentos de produtos para a Daimler e BMW. Cinco anos mais tarde, em 2020, criaram uma fábrica na China.

Já este ano, o grupo avançou com a intenção de investir nos Estados Unidos e em Marrocos.


Crescimento das importações de 7% ultrapassou largamente o crescimento das exportações

A projeção do Barómetro CIP/ISEG para o crescimento económico em 2025 situa-se num intervalo entre 1,8% e 2,4%, com previsão central em torno de 2,1%

in CIP, 23-12-2024


O Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ ISEG confirma que o contributo da Procura Externa Líquida continuou a ser negativo, tendo, no entanto, melhorado ligeiramente. O crescimento das exportações de 5,3% continuou a ser largamente ultrapassado pelo crescimento das importações (7%), com destaque para o acréscimo registado na importação de bens.

Quanto à evolução setorial, todos os setores registaram melhorias nos indicadores de confiança, particularmente o setor dos serviços, que registou um saldo de respostas extremas substancialmente positivo.

O Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ ISEG confirma também o crescimento da economia em volume, no 3º trimestre, em 1,9% em termos homólogos, e em 0,2% quando comparado com o 2º trimestre do ano. No conjunto dos países da área euro, confirma que, no 3º trimestre, o PIB avançou em volume 0,9% em termos homólogos e 0,4% face ao 2º trimestre.

A projeção para o crescimento económico em 2025 situa-se num intervalo entre 1,8% e 2,4%, com previsão central em torno de 2,1%. Esta projeção traduz a perspetiva de aceleração do crescimento da economia portuguesa, em face da recuperação esperada no investimento privado e público, para os quais a implementação do PRR deverá ser decisiva.

«O desafio das importações a crescer mais do que as exportações combinado com a incerteza na economia europeia devem manter-se no nosso radar de preocupações. A estagnação da economia alemã, as incertezas quanto ao futuro próximo da economia francesa e os anunciados protecionismos da economia americana a partir de meados do próximo ano serão dificuldades acrescidas a obstaculizar o nosso crescimento. Mas também oportunidades para a necessária transformação do perfil da economia portuguesa», reforça Rafael Alves Rocha, Diretor-geral da CIP – Confederação Empresarial de Portugal.

Consulte o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG de dezembro aqui.

 

 

 


Fabricantes de componentes portugueses preocupados com impacto da crise na indústria automóvel (VÍDEO)

Presidente da AFIA prevê que exportações de componentes em novembro e dezembro caiam entre 4,5% e 5%.

in Euronews, por Joana Mourão Carvalho, 20-12-2024


Há fábricas a fechar na Alemanha e na Bélgica, planos de cortes de postos de trabalho nas grandes construtoras e demissões de gestores como foi o caso do CEO da Stellantis, o português Carlos Tavares.

Depois de uma derrapagem durante a pandemia, a indústria automóvel europeia volta a estar em maus lençóis. Dificuldades na transição para a mobilidade elétrica, o aumento da concorrência chinesa e quebras nas vendas ajudam a explicar este cenário. E a indústria portuguesa não deverá escapar ilesa, tendo em conta que 98% dos carros em circulação na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal.

“Qualquer situação de menor procura ou até de recessão no mercado automóvel, naturalmente, que os fornecedores de componentes têm aqui também uma retração naquilo que é a procura das suas empresas. E isso é um aspeto e Portugal tem uma indústria de componentes muito significativa e fortemente exportadora para a Europa”, refere Helder Pedro, secretário-geral da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, em declarações à Euronews.

O impacto será sentido sobretudo pelos fabricantes de componentes para automóveis, representados em Portugal pela Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

É um universo de cerca de 350 empresas, mas com relevância económica: emprega 64 mil pessoas e faturou mais de 14 mil milhões de euros em 2023.

Após dois meses consecutivos de variações negativas, em outubro, as exportações de componentes automóveis portugueses registaram um aumento de 2,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas não se antecipa um fecho de contas positivo este ano.

“Haverá em novembro e dezembro uma queda nas exportações e, portanto, haverá uma baixa da nossa atividade. O que significa que poderíamos estar no máximo numa queda entre 4,5% e 5%. Numa visão mais otimista, enfim, poderemos estar nos 4%, o que era bastante bom, tendo em conta a conjuntura e o panorama na Europa”, antevê o presidente da AFIA, José Couto, em declarações à Euronews.

O presidente do Conselho de Administração da empresa Microplásticos, uma fábrica de componentes, também acredita que será impossível manter os mais de 60 mil postos de trabalho.

“Terá de haver um reajustamento, isto é, a procura está a diminuir claramente em termos europeus. Mesmo que se encontrem outros mercados, vai haver sempre uma perda de capacidade produtiva”, admite.

Vendas ainda não abrandaram em Portugal

Para já, o mercado automóvel em Portugal ainda não travou a fundo, com um crescimento de cerca 4% face ao ano anterior, apesar de ainda não ter recuperado para os níveis de venda pré-pandemia.

No entanto, a União Europeia quer acabar com a produção de carros a combustão até 2035 e as vendas dos elétricos ainda esbarram nos custos de aquisição e numa infraestrutura de carregamento ainda aquém das necessidades.

É um “quadro regulatório demasiado severo, comparativamente com os nossos concorrentes” de outros países, como EUA ou China, critica José Couto, argumentando que “a diferença entre a pegada carbónica dos construtores europeus e a de construtores de outras longitudese latitudes leva a uma concorrência desleal”.

Para o presidente da AFIA, a Europa tem de reagir e apostar na formação para responder aos desafios da electrificação e competir com uma China “que está hoje à nossa frente em termos de tecnologia para os veículos elétricos”.


Em ano de início de fabricação de veículos elétricos, a Stellantis em Mangualde alcança o maior volume de produção da sua história

A Stellantis Mangualde irá alcançar o melhor registo anual de sempre, com uma previsão de 86.000 veículos produzidos.

in Stellantis Mangualde, 20-12-2024


Mangualde tornou-se, em 2024, na primeira fábrica em Portugal a produzir em grande série viaturas 100% elétricas.

A Fábrica Stellantis de Mangualde irá terminar o ano de 2024 com o maior registo de produção de sempre, com a previsão de 86.000 viaturas fabricadas, um aumento de 2% em relação a 2023, que era, até à data, o melhor ano de produção da Fábrica.

Nos primeiros onze meses do ano, a Stellantis Mangualde representou, segundo dados da ACAP, 26,2% dos veículos produzidos em Portugal e 95,5% desse volume destina-se ao mercado de exportação. Este facto sublinha o crescente peso que a Stellantis Mangualde tem em termos de economia nacional, reforçando a sua importância no desenvolvimento do tecido empresarial e industrial da região centro.

Quase a concluir 2024, o ano desta unidade fabril fica marcado pelo início da produção de viaturas 100% elétricas, que operou transformações significativas na sua área industrial, tanto nos setores de montagem como na ferragem. O maior destaque vai para a criação de uma nova linha de montagem de baterias para os veículos elétricos ali produzidos. A área de mais de 800 m2 levou à criação de 63 novos empregos e à formação específica de toda a equipa técnica.

Este investimento em Mangualde, reflete o compromisso da Stellantis com a mobilidade sustentável no país, tendo estabelecido a primeira fábrica em Portugal a produzir viaturas 100% elétricas em grande série.

Da linha da Fábrica de Mangualde sai agora uma gama completa de oito viaturas elétricas de quatro das marcas do Grupo: as versões de Passageiros e Comerciais Ligeiros Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Fiat e-Doblò, Opel Combo Electric e Peugeot E-Partner e E-Rifter.

A nível nacional, além da Stellantis liderar o mercado total nos primeiros onze meses do ano, com uma quota de 25,0%, a Stellantis Pro One, a sua Unidade de Negócio dedicada aos Veículos Profissionais, detém ainda uma liderança incomparável, quer no mercado dos veículos comerciais ligeiros com uma quota de 44,7%, quer no dos furgões 100% elétricos, com 34,5% de quota de mercado.

Primeira fábrica de montagem de automóveis estabelecida em Portugal, em 1962, o Centro de Produção de Mangualde já produziu mais de 1,8 milhões de veículos, de 24 modelos diferentes.

Conta, à data, com uma força de produção composta por cerca de 900 colaboradores que, divididos por três turnos, produzem uma média de 370 viaturas por dia.


Communication – We concluded an agreement for the SODECIA Group to enter the share capital of the HUF Group, subject to conditions precedent to be finalized

We are pleased to inform that, on 19 December 2024, we concluded an agreement for the SODECIA Group to enter the share capital of the HUF Group, subject to conditions precedent to be finalized.

SODECIA Group, 20-12-2024


The Huf Group, established in Velbert by Ernst Hülsbeck and August Fürst in 1908, has more than 110 years of experience in the market with a high reputation and recognized quality.

HUF Group is the specialist for secure car access and authorization systems, supplies mechanical, electronic and software solutions for the global automotive industry, being today present in 17 locations in Europe, America and Asia. In the 2023 financial year, the HUF Group generated sales of more than 1.2 billion EUR and employed 7,500 people worldwide.

SODECIA’s entry will take place in several stages, starting with a minority stake of 30 per cent and progressively increasing to the acquisition of the entire share capital. We will participate in management from the outset, but with a minority position on the governing bodies.

This transaction represents a business opportunity of great interest and potential for our Group, leading to the creation of a new ‘Access & Authorization’ division, dedicated to the products for the automotive industry in which HUF is one of the main international players.

With this move, SODECIA is broadening its product portfolio, but also its position in new geographies, opening the door to new customers beyond the traditional ones in our Group. In doing so, we are increasing our exposure to the automotive sector but also reducing the risks associated with concentrating on products and customers.

The importance of this operation for strengthening our industrial position and competitiveness is significant, reinforcing SODECIA as one of the strongest strategic suppliers to the world’s main OEMs.


Strategic Dialogue on the Future of the European Automotive Industry to start in January

On 27 November 2024, in a speech to the European Parliament, President of the European Commission Ursula von der Leyen announced her decision to convene a Strategic Dialogue on the Future of the Automotive Industry in Europe. The Dialogue will be officially launched already in January 2025, with a view to swiftly proposing and implementing measures the sector urgently needs.

in European Commission, 19-12-2024


Commission President, Ursula von der Leyen, said: “The automotive industry is a European pride and is crucial for Europe’s prosperity. It drives innovation, supports millions of jobs, and is the largest private investor in research and development. Each sector has unique needs, and it is our responsibility to tailor solutions that are both clean and competitive. We need to support this industry in the deep and disruptive transition ahead. And we must ensure that the future of cars remains firmly rooted in Europe. This is why I have called for a Strategic Dialogue on the Future of the European Car Industry. We will launch this Dialogue already in January, to shape together our shared future.”

As the European automotive and supplier industry goes through a deep and disruptive transition, the Strategic Dialogue will design concrete strategies and solutions to support the global competitiveness of automotive manufacturing in Europe. It will focus in particular on:

  • boosting data-driven innovation and digitalisation, based on forward-looking technologies such as AI and autonomous driving.
  • supporting the sector’s decarbonisation, in an open technological approach, given its role in achieving Europe’s ambitious climate goals.
  • addressing jobs, skills, and other social elements in the sector.
  • simplifying and modernizing the regulatory framework.
  • increasing demand, strengthening the financial resources of the sector and its resilience and value chain in an increasingly competitive international environment.

The Strategic Dialogue brings together key stakeholders from across the industry, including European automotive companies, infrastructure providers, trade unions and business associations, as well as parts of the automotive value chain and other stakeholders.

The formal launch, under the President’s personal leadership, will be followed by a series of thematic meetings, chaired by Members of the College.

These meetings will result in a set of recommendations that help build a holistic EU strategy for the sector to manage the various challenges and where needed adapt the applicable EU regulatory framework accordingly. Summit meetings, led by the President, will check on progress made and give the necessary political impulses for further work.

The Council and European Parliament will be closely involved in the process and will be regularly informed and consulted on the Dialogue.

 

“The automotive industry is a European pride and is crucial for Europe’s prosperity. It drives innovation, supports millions of jobs, and is the largest private investor in research and development. Each sector has unique needs, and it is our responsibility to tailor solutions that are both clean and competitive. We need to support this industry in the deep and disruptive transition ahead. And we must ensure that the future of cars remains firmly rooted in Europe. This is why I have called for a Strategic Dialogue on the Future of the European Car Industry. We will launch this Dialogue already in January, to shape together our shared future.”

Ursula von der Leyen, President of the European Commission

 


 

Alerta na indústria portuguesa: automóvel e têxtil cortam postos de trabalho

A indústria automóvel portuguesa soma despedimentos, com deterioração da economia alemã. Mas há mais sectores em alerta e quadro vai agravar-se, dizem os patrões

in Expresso, por Cátia Mateus, Manuela Cardoso, 19-12-2024


Há muito que a Europa já sinalizava os riscos. E o próprio governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, chegou a lançar o alerta quanto a uma possível deterioração do mercado de trabalho europeu decorrente da situação económica na Alemanha. Mas em Portugal o mercado laboral foi mantendo a resiliência, com a população empregada em níveis recorde e o desemprego estável nos 6,1%. Nas últimas semanas, porém, sucederam-se casos de empresas a encerrar, avançando para despedimento coletivo, ou a suspender temporariamente a atividade, deitando mão ao mecanismo de lay-off, previsto no Código do Trabalho (CT) para apoiar empregadores em si­tuação de crise empresarial. Do têxtil ao sector automóvel, são vá­rios os casos.

A primeira campainha de alarme veio da Coindu, têxtil fabricante de assentos para automóveis, que declarou este mês o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, avançando para o despedimento coletivo de 350 trabalhadores. Seguiu-se o pedido de insolvência da Cablerías, fabricante de cabos para componentes automóveis, com 250 trabalhadores. Ainda na área dos componentes, a Ficosa, na Maia, anunciou um lay-off que abrange mais de 700 profissionais, a japonesa Uchiyama admitiu também a possibilidade de lay-off e a espanhola Gestamp, fabricante de carroçarias, em Vila Nova de Cerveira, recorreu ao banco de horas. Os economistas ouvidos pelo Expresso admitem que a conjuntura do sector automóvel inspira maior preocupação. As associações empresariais falam em necessidade de agilidade na resposta e os sindicatos seguem atentamente a evolução dos números.

Os últimos dados disponíveis reportam ao mês de outubro e sinalizam que, a dois meses do fecho do ano, o número de processos de despedimento coletivo iniciados pelas organizações (408) estava próximo de superar o total de despedimentos coletivos registados no ano passado (431), mas o número de trabalhadores abrangidos já superava largamente o total do ano passado. Até outubro deste ano foram abrangidos por despedimento coletivo 5253 trabalhadores, mais 38% do que os 3819 contabilizados em todo o ano de 2023. Destes, 4959 foram efetivamente despedidos, mostram os dados compilados pelo Expresso junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).

Considerando apenas o mês de outubro, as indústrias transformadoras respondem por 31% dos despedimentos realizados, seguidas pelo comércio (20%) e pelo alojamento, restauração e similares (16%). Na maioria dos casos a motivação foi a redução de pessoal (71%), seguida do encerramento da atividade (35,7%). No mesmo mês, o país contabilizava 342 empresas em lay-off, abrangendo 6280 trabalhadores, a maioria com redução do horário de trabalho.

Cenário pode agravar-se

De lá para cá, as notícias dão conta de um agravamento da situação, com vários despedimentos coletivos e lay-offs comunicados desde o início de dezembro. E as perspetivas das associações empresariais vão no mesmo sentido. “Há cada vez mais associados a contactarem-nos com perguntas sobre o lay-off e as condições para o despedimento coletivo”, diz Mário Jorge Machado, presidente da ATP, associação do sector têxtil, admitindo uma quebra nas encomendas e uma pressão crescente sobre os preços, traduzidos em casos como os de Lousada, que acaba de perder 440 postos de trabalho no encerramento das empresas Leuman (90), SN1 e SN2 (350).

José Couto, presidente da AFIA, associação da área dos componentes para automóveis, cita um estudo para sublinhar que a produção europeia do sector está 20% acima das necessidades e exige ajustes. “Se os clientes baixam a produção, temos também de nos ajustar. A conjuntura é grave. As perspetivas para o arranque de 2025 não justificam otimismos, mas o que cada empresa vai fazer só depende dela.”

O presidente da Associação Empresarial do Minho, Ramiro Brito, admite que, “inevitavelmente, vamos ter mais desemprego”, mas, “se o Minho parece ser uma das regiões mais afetadas no momento, o problema não é exclusivamente sectorial, nem regional, nem português”. Aliás, o impacto no emprego em Portugal poderá ser atenuado pelo facto de muitas empresas estarem a subcontratar nos segmentos com mais exigência de mão de obra no Norte de África, para ganharem competitividade em termos de preços, assume. O fundamental nesta fase “é ser perspicaz e estar atento aos sinais para reagir”. Quanto a tendências, a experiência mostra que “as insolvências vão ser dominantes, porque a regra é tentar levar o negócio ao limite na tentativa de o salvar”.

Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, assume também preocupação, antecipando que o cenário possa agravar-se “não só em Portugal, como na Europa”. E reforça: “Portugal especializou-se durante muito tempo em baixo custo, e isso deixou de ser competitivo. Precisamos de começar a competir em nichos de mercado de valor acrescentado, com inovação, produtividade e competitividade, e muitas empresas não estão a conseguir fazer esse caminho.”

Cautelas sindicais

Do lado sindical, o discurso é contido. A palavra de ordem é “evitar o dramatismo, porque trabalhadores com medo estão menos dispostos a lutar”, vinca um dirigente sindical, pedindo para não ser identificado. “No atual contexto, as situações de alguma instabilidade estão relacio­nadas com aspetos de estratégia de algumas empresas e devem exigir um olhar atento do Governo”, limita-se a comentar Rogério Silva, coordenador da Fiequimetal, federação sindical que abrange as indústrias metalúrgicas e elétricas. Andrea Araújo, dirigente da CGTP, considera haver uma “tendência de crescimento nos processos de despedimento coletivo”, que afeta maioritariamente “trabalhadores de pequenas empresas”, mas nota que “temos assistido em alguns sectores à absorção destes trabalhadores, e o têxtil é disso exemplo”. Já Isabel Tavares, dirigente da FESETE, reconhece que a última reunião desta federação que junta sindicatos das indústrias têxtil e do calçado “registou preocupação face aos encerramentos, insolvências, lay-offs e despedimentos coletivos, mesmo não havendo números para retratar o quadro atual”. “Resta esperar que entre encerramentos e criação de novas empresas o saldo seja positivo”, acrescentou.

Os economistas admitem preocupação, sobretudo em relação ao sector automóvel. “Ao contrário do têxtil, onde os trabalhadores dispensados são reabsorvidos pelo mercado com maior rapidez, a reintegração dos profissionais da indústria automóvel, mais qualificados e com competências muito específicas, não é tão ágil”, segundo João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho. E embora o economista Pedro Martins, ex-secretário de Estado do Trabalho e professor na Nova SBE, sublinhe que “o mercado de trabalho nacional parece continuar estável”, aponta que “o grande desafio neste contexto é a capacidade das políticas públicas, nomeadamente junto do IEFP e da Segurança Social, de apoiarem rapidamente o reencaminhamento e a requalificação dos profissionais que estejam a perder os seus empregos”. “É muito importante que estes indivíduos possam trabalhar em outras empresas e sectores que estejam com dificuldade em recrutar, muitos dos quais poderão, inclusive, passar a auferir remunerações mais elevadas.”

P&R

O que é um despedimento coletivo?

  • É uma das várias modalidades previstas no Código do Trabalho (CT) para cessação de contrato. A legislação nacional enquadra como despedimento coletivo a extinção de contratos de trabalho promovida pelo empregador quando esta seja realizada de forma simultânea ou sucessiva durante um período de três meses. Para ser considerado um despedimento coletivo tem de abranger um rácio específico de trabalhadores, variável consoante a dimensão da empresa: dois trabalhadores em microempresas (menos de 10 funcionários) ou pequenas empresas (10 a 49) e cinco em médias empresas (249 trabalhadores) ou grandes empresas (mais de 250).

Qualquer empresa pode fazer despedimento coletivo?

  • Não, o despedimento coletivo tem obrigatoriamente de ser fundamentado com o imperativo de encerramento de uma ou várias secções da empresa (ou estruturas equivalentes) ou a necessidade de redução do número de trabalhadores. Contudo, a lei determina que o empregador só pode deitar mão a esta fundamentação quando confrontado com um conjunto de cenários específicos, como sejam motivos de mercado (como a diminuição da atividade da empresa gerada pela redução da procura de bens ou serviços), fundamentos estruturais (reestruturações geradas por desequilíbrio económico-financeiro ou mudança de atividade) ou causas tecnológicas (alterações de técnicas de fabrico, por exemplo).

Que direitos tem um trabalhador alvo de despedimento coletivo?

  • O trabalhador abrangido num processo de despedimento coletivo tem direito à compensação correspondente a 14 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade na organização. Contudo, o CT determina que o valor da retribuição-base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar para efeitos de cálculo da compensação não pode ser superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida (RMMG), ou seja, €16.400 em 2024.

E o lay-off em que consiste?

  • O lay-off é também um mecanismo previsto no CT que permite às empresas que atravessam dificuldades económicas ou outros constrangimentos na sua operação suspender os contratos dos seus funcionários ou reduzir o número de horas de trabalho habituais de forma temporária e contando com o apoio da Segurança Social no pagamento de salários, evitando assim a extinção de postos de trabalho ou o despedimento coletivo.

Que constrangimentos é que o lay-off gera para os trabalhadores?

  • Numa situação de lay-off, os trabalhadores veem garantidos todos os seus direitos, mas têm sempre uma redução do rendimento. Ao funcionário são garantidos, pelo menos, dois terços do seu salário habitual, não podendo exceder o equivalente ao triplo do salário mínimo nacional (SMN), ou seja, €2460 (3x€820). Se a sua remuneração normal for inferior ao SMN, recebe durante o período de lay-off o valor correspondente ao SMN, sendo €820 em 2024.

Banco de Fomento investe dez milhões na Caetanobus

Programa Deal-By-Deal está ainda “em fase final de contratualização” um investimento de dois milhões na Arboreabiofoods, pequena empresa de biotecnologia da Moita. Coinvestidor entra com três milhões.

in ECO, por Mónica Silvares, 19-12-2024


O Banco Português de Fomento aprovou um investimento de 9,94 milhões de euros na Caetanobus, no âmbito do programa de coinvestimento Deal-by-Deal, para “reforçar a capacidade da empresa no setor da mobilidade sustentável”.

A este montante somam-se mais 4,26 milhões de euros da HCapital Partners, o coinvestidor exigido por este programa financiado pelo Fundo de Recapitalização Estratégica, criado em julho de 2021 com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O Banco Português de Fomento aprovou um investimento de 9,94 milhões de euros na Caetanobus, que se encontra atualmente em fase de negociações contratuais com a empresa e o coinvestidor, HCapital Partners – SCR”, explicou ao ECO fonte oficial da instituição liderada por Ana Carvalho. “Este investimento visa reforçar a capacidade da empresa no setor da mobilidade sustentável”, precisa a mesma fonte.

A Caetanobus recebeu no final do ano passado uma injeção de 20 milhões de euros dos acionistas para contrariar os “impactos das adversidades” sentidas pela maior fabricante de carroçarias e autocarros em Portugal. A Toyota Caetano Portugal (TCP) e os japoneses do Mitsui Group já tinham feito duas injeções, num valor global de 25 milhões, em 2022 e 2021.

O ECO questionou a Caetanobus para perceber como a empresa iria utilizar este investimento. Mas, como “a operação ainda não está finalizada”, fonte oficial da empresa optou por não dar detalhes.

O programa Deal-by-Deal do Banco de Fomento visa fomentar a constituição de novas empresas e/ou capitalização empresarial, prioritariamente nas fases de arranque. O FdCR pode investir até 70% na empresa, mas tem de ser acompanhado por 30% de investimento privado.

As candidaturas abriram a 17 de janeiro de 2023 e foram aprovadas até agora cinco operações, sendo que em apenas três está feito o investimento. No total, o FdCR tem comprometidos 32,37 milhões de euros que alavancam um investimento total de 58,09 milhões. Estes 32 milhões de euros correspondem a 16% da dotação global do programa que tem de estar executado na totalidade até 31 de dezembro de 2025.

O investimento na Caetanobus enquadram-se na janela C do programa, destinada às operações cujo montante de investimento do FdCR é igual ou superior a dois milhões de euros, o que significa que têm de ser submetidas a consulta prévia da comissão técnica de investimento do fundo.

No mesmo programa, “está em fase final de contratualização” um investimento de 1,99 milhões de euros na Arboreabiofoods, uma pequena empresa de biotecnologia da Moita. Neste caso, o coinvestidor entra com três milhões de euros e, por isso, esta operação enquadra-se na janela A do programa Deal-by-Deal — isto é, o investimento do FdCR é inferior a dois milhões de euros e a taxa de comparticipação é inferior a 50%. “O processo tem decorrido com normalidade e fluidez, estimando-se a conclusão muito em breve”, sublinha fonte oficial do Banco de Fomento.

Em termos globais, o FdCR (que tem uma dotação de 1,32 mil milhões) já contratou 64,4% da sua dotação e pagou 32,8% (190,5 milhões de euros às capitais de risco e 242,78 milhões às empresas).