“Deveriam existir mecanismos de apoio à robotização”, diz CEO da Simoldes Plásticos
A robotização deveria receber mais apoios públicos, defende o CEO da Simoldes Plásticos. Domingos Pinto antecipa um crescimento da faturação neste ano face a 2023.
in Jornal de Negócios, por Hugo Neutel, 11-09-2024
É possível imaginar a Simoldes sem robotização?
Não. Não seria possível fabricar o numero de carros com o mesmo nível de qualidade.
Como avalia a evolução da tecnologia ligada à robotização? Continua a evoluir ou já chegou a um pico?
É difícil quantificar, mas seguramente vai crescer e evoluir muito mais. Estamos longe de um nível de maturidade e longe do pico.
Antecipa que o desenvolvimento da Inteligência Artificial se possa unir ao da robotização para proporcionar ganhos de produtividade ainda maiores?
Já é uma realidade. A robotização com visão artificial, os processos com robôs autónomos móveis, a Indústria 4.0 e os processos preditivos com suporte da Inteligência Artificial já são uma realidade do nosso dia-a-dia. Em todas as nossas fábricas temos estas tecnologias em pleno funcionamento. E com as metas da neutralidade carbónica, o tema vai ganhar ainda mais relevância. Estamos a dar passos para em 2030 estarmos preparados para uma nova realidade.
A robotização implica investimentos avultados. Deveria ter mais incentivos públicos?
Sim, nesta fase é um processo que envolve fortes investimentos. Sendo uma indústria com grande impacto no PIB e no desenvolvimento do país, é seguramente um processo em que deveriam existir mecanismos fortes de apoio, mais rápidos e que permitam um planeamento a longo prazo, uma vez que é um processo em forte e rápida mudança. A robotização é um processo estratégico para o futuro da indústria e seguramente a sua ausência colocaria em causa a sustentabilidade da empresas e da própria indústria.
A Simoldes Plásticos tem novos investimentos planeados?
No ultimo ano terminámos o último investimento na Polónia (de 35 milhões de euros), em 2025 e 2026 temos previstos investimentos já em Marrocos e nos Brasil de 20 milhões de euros cada um, na ampliação das unidades atuais para dar resposta a projetos futuros. Nestes números está incluída toda a tecnologia necessária. Os investimentos são permanentes.
Qual a faturação em 2023 da Simoldes Plásticos e do grupo?
Em termos consolidados foram cerca de 800 milhões de euros. Na Simoldes Plásticos, que é uma área de negócios diferente, estamos a falar de 528 milhões em 2023. O “forecast” até ao final do ano é 550 milhões.
Os 800 milhões do grupo vão evoluir para quanto?
Não vai andar muito longe desse número. Mas na indústria automóvel, o “forecast” é hoje um tiro no escuro, uma bola de cristal.
Que percentagem da produção da Simoldes Plásticos vai para exportação?
Temos três empresas em Portugal, e também temos fábricas fora, em França, na República Checa, Marrocos, Polónia e Brasil. Da operação cá em Portugal, 80% é para exportação.
O setor automóvel tem um peso enorme na vossa atividade.
O resto quase não tem expressão. Diria que neste momento, 98%, 99% é nos automóveis.