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É oficial. Banca já vende menos crédito às empresas exportadoras

Financiamento bancário dos negócios exportadores cai ao ritmo mais elevado de quase três anos. Apenas o crédito ao consumo está em expansão

in Dinheiro Vivo, por Luís Reis Ribeiro, 27-04-2016

É oficial. Os bancos portugueses estão a vender menos crédito às empresas exportadoras do sector privado, indicam dados do Banco de Portugal relativos aos empréstimos concedidos pelo setor financeiro até março.

De acordo com o banco central, “os empréstimos às empresas privadas exportadoras apresentaram uma taxa de variação anual [tva] de -0,8%, o valor mais baixo desde setembro de 2013”.

Esta contração no crédito aos negócios exportadores veio confirmar a redução ligeira de 0,1% registada em fevereiro e pode significar problemas a prazo para a rubrica das exportações, que é vista como o principal motor da retoma.

Recorde-se que as últimas previsões do FMI dão conta de um abrandamento importante da economia global e europeia, mas na semana passada o governo, no Programa de Estabilidade, acabou por não refletir essa degradação da conjuntura, mantendo a previsão de crescimento das exportações portuguesas nos 4,3% em 2016.

Já o banco central governado por Carlos Costa mostra que o ambiente geral da concessão de crédito em Portugal está cada vez mais deprimido e os níveis de incumprimento a subir.

“Em março de 2016, a taxa de variação anual (tva) dos empréstimos concedidos às sociedades não financeiras (SNF) situou-se em -2,8%”, inferior aos -2,6% registados em fevereiro. Esta descida veio acompanhada de um aumento de 0,1 pontos percentuais na taxa de malparado, que subiu para 16,4% do total no segmento empresarial.

Nas famílias, apenas o segmento do consumo escapa e consegue continuar a subir. O crédito à habitação continua em contração.

“A evolução dos empréstimos concedidos às famílias em março foi semelhante à verificada nos meses anteriores, com uma tva de -2,1% para o total dos empréstimos e de -2,8% para os empréstimos à habitação”.

Como referido, o único ramo em que o crédito bancário está em expansão e até a acelerar é o segmento do consumo. “No segmento consumo e outros fins a tva manteve-se positiva, passando de 0,9% em fevereiro para 1,5% em março de 2016”, escreve o BdP.

Este é o segmento que reflete o maior volume de compras de bens duradouros, como equipamentos informáticos e automóveis, por exemplo.

Empresas públicas recebem menos 16%

Mas, apesar da retoma já em curso da economia há alguns meses e da expansão nominal do Produto Interno Bruto, a banca reduziu o financiamento da economia (empresas e famílias) face há um ano (março de 2015) em 6,7 mil milhões de euros.

O corte nos empréstimos às empresas é o mais expressivo: menos 3,6 mil milhões de euros desde março do ano passado, uma descida homóloga de 2,8%.

Em termos percentuais, a maior quebra homóloga (face a março de 2015) acontece no crédito concedido às empresas públicas, segmento onde a quebra é de 16%. O volume de empréstimos às grandes empresas é o segundo que mais cai (-6%). No segmento das microempresas a redução vai em 2,9% e nas PME a quebra ronda os 2%.

 


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