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Volkswagen garante alargamento da Autoeuropa

O ministro da Economia, Pires de Lima, recebeu esta sexta-feira do grupo Volkswagen a confirmação de que não haverá cortes no projeto de alargamento da Autoeuropa, em Palmela

in Expresso, por João Palma-Ferreira, 16-10-2015

O Governo português recebeu esta sexta-feira de tarde a confirmação formal de que o Ggupo Volkswagen (VW) manterá todos os projetos de investimento previstos e contratualizados para a Autoeuropa. O ministro da Economia, Pires de Lima, manteve uma teleconferência com a administração da Volkswagen, que garantiu a prossecução dos projetos para a fábrica de Palmela.

A fábrica da Autoeuropa tinha previsto, até ao fim do ano, dar início à produção de protótipos do novo modelo fabricado com base na plataforma multimodular MQB – Modularer Quer Baukasten. O objetivo desta estratégia da fábrica de Palmela era ter toda a sua equipa pronta para o momento em que estivesse concluído o investimento de 677 milhões de euros nas novas infra-estruturas (as naves que estão agora em fase de montagem, algumas das quais se veem da estrada de acesso à fábrica). Assim, em 2016 poderia arrancar com a produção em série dos novos modelos.

O ministro da Economia, Pires de Lima, participou esta sexta-feira numa conferência telefónica com Herbert Diess, membro da administração do grupo VW e presidente do conselho de administração (chairman) da marca para as viaturas ligeiras de passageiros, na qual participaram também o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, e o responsável da Autoeuropa em Portugal, António Melo Pires.

Nesta teleconferência, o grupo VW “confirmou que está a trabalhar num calendário de regularização das viaturas equipadas com o kit fraudulento e que, previsivelmente, as que carecem de modificações ao nível do software deverão estar solucionadas até ao final do primeiro trimestre de 2016 e as que necessitam de intervenções mais complexas até dezembro do mesmo ano”, explica um comunicado do Ministério da Economia.

Além disso, foi “reiterada a garantia de que os proprietários dos veículos não serão chamados a assumir qualquer responsabilidade financeira, ou de outra ordem, na sequência da regularização dos veículos ou de outros impactos que venham a ser apurados, que correrão integralmente por conta da marca”, adianta o comunicado. Isto significa que “os consumidores estão, assim, protegidos de custos modificações dos motores ou outros que venham a ser determinados”.

O presidente da VW assegurou que “o investimento de 677 milhões de euros em Portugal segue como previsto, não tendo sido minimamente afetado pelo plano de cortes nos investimentos anunciado pela VW”. E esclarece ainda que “a nova unidade de produção entrará em laboração até 2018 com um nível de atividade previsivelmente igual ou superior ao que foi contratualizado com a AICEP”.

NOVO MODELO DA AUTOEUROPA AINDA É DESCONHECIDO

A Autoeuropa nunca confirmou qual será o modelo que vai compensar a descontinuidade da produção do descapotável Eos, mas o Expresso teve indicações de várias origens que apontam para a forte probabilidade da unidade de Palmela vir a fabricar um pequeno veículo utilitário desportivo (SUV). Estas informações especificam um SUV que corresponderá, pelas dimensões, a uma versão aproximada à do Polo e destina-se a concorrer com pequenos SUV lançados pela concorrência japonesa, da Mazda à Nissan. No entanto, fonte oficial da Autoeuropa referiu ao Expresso, por várias vezes, que “não comenta especulações”.

Como o escândalo “dieselgate” veio impedir o normal desenvolvimento de muitos projetos que estavam pendentes no grupo VW, o desenvolvimento da produção do novo modelo da Autoeuropa teve de sofrer reavaliações. Tudo indica que os respetivos cronogramas iniciais deste projeto terão derrapado face às datas de lançamento previstas.

CRONOGRAMAS EM STAND-BY

Assim sendo, a Autoeuropa aguardou que a casa-mãe redefinisse todos os projetos industriais para obter novas datas para o desenvolvimento industrial deste projeto. As produções de teste deste novo veículo – designadas “null series” -, construídas com base na plataforma MQB, foram enquadradas na nova estratégia do grupo alemão, agora adaptada aos cortes que as várias marcas do grupo VW terão de efectuar, equivalentes a cortes de 1000 milhões de euros por ano.

No entanto, estes entraves não alteraram as expectativas dos fornecedores portugueses do grupo VW, que já confirmaram ao Expresso que todas as encomendas de componentes se mantiveram firmes até janeiro de 2016, altura em que o novo modelo da Autoeuropa deveria iniciar a sua produção para programar as primeiras entregas aos mercados de exportação.

REAÇÃO DOS CLIENTES AINDA É INCERTA

No entanto, os calendários definitivos para este projeto ainda não estão totalmemente definidos, tal como ainda é incerta a reação que devem ter os mercados de exportação no primeiro semestre do próximo ano, porque é desconhecida a recetividade dos clientes aos produtos do grupo VW no rescaldo do escândalo “dieselgate”.

Na versão inicial deste projeto de introdução de um novo modelo na produção da Autoeuropa admitiu-se que em 2018 a fábrica de Palmela conseguisse ficar a produzir mais de 200 mil veículos por ano, operando com três turnos de produção. Neste cenário, a Autoeuropa precisaria de mais 500 trabalhadores além dos cerca de 3500 que tem atualmente.

MAIS 5,8 HECTARES NO PORTO DE SETÚBAL

Para acomodar este aumento de produção, foram investidos mais 2,9 milhões de euros no terminal de automóveis do porto de Setúbal, de onde tem sido exportada a parte mais significativa da produção da fábrica de Palmela, sobretudo a que vai para o mercado chinês. Assim, a administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra terá disponíveis mais 5,8 hectares no terminal de automóveis para o que der e vier da Autoeuropa.


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