A AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel felicita a Fico Cables – Fábrica de Acessórios e Equipamentos Industriais, Lda. pela reentrada na Associação.
in AFIA, 12-01-2022
A Fico Cables, fundada em 1971, é especializada em sistemas para portas e assentos.
Além da fábrica, a empresa detém um centro de investigação e desenvolvimento na Maia.
Pertence ao grupo Ficosa, com sede em Barcelona (Espanha), fornecedor global que se dedica à investigação, desenvolvimento, produção e comercialização de sistemas de segurança, comunicação e eficiência para as indústrias automóvel e da mobilidade.
A Fico Cables está certificada pelas normas IATF 16949 (Automóvel), ISO 14001 (Gestão Ambiental) e ISO 45001 (Saúde e segurança ocupacional).
A Veneporte desenvolve e produz todos os componentes do sistema de escape para automóveis e comerciais ligeiros, bem como uma nova gama de produtos de eliminação da carga viral, dedicada aos transportes públicos, espaços públicos e privados.
in Revista Sábado / Negócios em Portugal, 10-07-2021
Centrada na redução de emissões de gases com efeito estufa, assim como na redução de partículas, que têm um impacto direto na melhoria do ambiente e saúde pública, a Veneporte aposta no desenvolvimento de novos produtos e novas áreas de negócio. “Desenvolvemos e produzimos todos os componentes do sistema de escape para automóveis e comerciais ligeiros (catalisadores, filtros de partículas, SCR’s e silcenciosos)”, revela Abílio Cardoso, CEO da Veneporte. Acrescenta, no entanto, que trabalham em várias frentes, “não só nos novos modelos Euro 6, em que estamos constantemente a disponibilizar ao mercado novos produtos, como também no projeto PureAir”.
Este projeto em particular foi uma consequência natural da necessidade de abertura do seu portefólio e deste período pandémico. “Pensámos fora da caixa e estamos a terminar o projeto PureAir, que se destina a purificar o ar e a eliminar a potencial carga viral, quer no que diz respeito aos transportes públicos, quer outros espaços fechados, como os restaurantes, as escolas e até as nossas próprias casas.” Conta que esteja disponível no mercado já no mês de julho.
Um futuro verde e competitivo
Fundada em 1966, a Veneporte, localizada em Águeda, distrito de Aveiro, está presente em cerca de 30 países e exporta mais de 90% da sua produção. A empresa trabalha com vários fabricantes automóveis, mas é no setor do pós-venda independente que a sua atividade tem mais importância. Atualmente, dispõe de instalações cobertas de 25.000 m2, inseridas numa área de 50.000 m2.
Abílio Cardoso acredita que os principais fatores diferenciadores da empresa “são a qualidade, a performance, a durabilidade e facilidade de montagem, assim como serem produtos à imagem do original e 100% homologados, segundo as diretivas comunitárias”. No que diz respeito às metas de sustentabilidade propostas na União Europeia, acredita que é possível manter a competitividade no mercado global, embora seja necessário ultrapassar alguns obstáculos, nomeadamente em relação à regulação de mercado.
A Veneporte junta-se assim ao leque de empresas nacionais que têm diversificado os seus produtos nos mercados e geografias de destino, exportando para França, Espanha, Dinamarca, Itália, República Checa, Holanda e Bélgica. Estes dois últimos são mercados em crescimento e cada vez mais procurados pelos empresários portugueses. Em relação ao cluster de competitividade, Abílio Cardoso conclui que, embora ainda não tenha atingido toda a sua potencialidade, “poderá ter contributos positivos no futuro próximo”.
Breve história da Veneporte
Fundada em 1966, logo na década de 70 a Veneporte tornou-se na Original Equipment Manufacturer (OEM) e Original Equipment Supplier (OES) dos clientes instalados em Portugal. Após a adesão de Portugal à CEE, em 1986, iniciou o seu processo de internacionalização. Nos anos 90, a empresa foi reestruturada: melhorou as instalações e equipamentos e reorganizou os diferentes processos. Destaca-se o ano de 2011, com o desenvolvimento e o início de produção das componentes da parte quente, catalisadores e posteriormente filtros de partículas.
“Desde esse ano, podemos afirmar que a inovação tem sido constante e cada vez com maior complexidade. Exemplo disso é o desenvolvimento dos SCR e ainda o projeto PureAir (eliminação da carga viral em transportes públicos e parque escolar, assim como em espaços privados)”, resume o CEO Veneporte, Abílio Cardoso.
Factos & números
Fundação: 1966 Sede: Águeda, Portugal Fábrica: Águeda, Portugal Principais clientes: Peugeot/Citroën/Fiat, Renault, VW, LKQ, GAU, GPI Produção/ano: 450.000 peças Volume de negócios (2020): 12.000.000€ Peso das exportações em % da faturação: cerca de 90% Presença direta em quantos países: cerca de 30 países Principais mercados/países de exportação: França, Holanda, Bélgica, Espanha, Dinamarca, Itália, República Checa Previsão do volume de negócios para 2021: 15.000.000€ N.º de empregados: 178
A Veneporte, empresa que se dedica ao desenvolvimento, produção e comercialização de sistemas de controlo de emissões para veículos automóveis, alarga a sua gama de produtos que cumprem as diretivas Euro 6.
in Veneporte, 21-05-2021
Depois de disponibilizar ao mercado de reposição um conjunto de conversores catalíticos para motores a gasolina, seguem-se agora um novo grupo de filtros de partículas diesel.
Esta nova gama de filtros de partículas conta com aplicações que respeitam as rigorosas normas Euro 6, permitindo assegurar todo o conjunto de exigências a nivel tecnológico das diretivas legais em vigor e respeitar as questões ambientais e de saúde pública. Para além do referido, é também garantida a montabilidade, qualidade e durabilidade à imagem da peça original.
Outra das características desta gama é o facto de toda ela, ser 100% homologada e validada pelos organismos europeus, aspeto que tem vindo a ser uma condição obrigatória e uma imagem de marca dos produtos Veneporte.
A Veneporte disponibiliza em todos as referências, a versão SiC e Cordierite.
Com esta nova extensão de gama, a Veneporte demonstra, mais uma vez, estar atenta às evoluções do mercado e às suas necessidades, posicionando-se na pole position no setor dos sistemas de exaustão e controlo de emissões.
Com 54 anos de atividade, a Veneporte é uma referência nos sistemas de escape junto dos fabricantes automóveis e no aftermarket independente. Depois dos desafios que a pandemia trouxe em 2020, o CEO Abílio Cardoso acredita que este poderá ser um ano muito importante para a Veneporte
in Turbo Oficina, 01-04-2021
Presente em 30 países e com 90% da sua produção exportada para quatro continentes, a Veneporte é uma referência mundial nos sistemas de escape. Especialista na produção de componentes como catalisadores, filtros de partículas, sistemas SCR e silenciosos, a empresa com sede em Águeda trabalha com vários fabricantes automóveis, mas é o sector do aftermarket independente que tem maior peso na atividade.
Apostada na evolução contínua da sua oferta, através de uma forte aposta na inovação e na competência ao nível do desenvolvimento de produtos, a empresa acredita que a sua capacidade de responder à introdução de normas ambientais mais rigorosas vai beneficiá-la no futuro. Mesmo marcado pela pandemia, 2020 acabou por ser um ano positivo, mas o CEO da Veneporte, Abílio Cardoso, acredita que 2021 pode ser um ano histórico.
Como analisa o ano de 2020 para a Veneporte?
O ano de 2020 para a Veneporte foi muito positivo, não obstante o quadro de pandemia que naturalmente teve consequências não só ao nível da saúde pública, mas também ao nível de atividade da maior parte dos sectores.
Na Veneporte sentimos um maior impacto nos meses de março, abril e ainda no mês de maio. Não só pelo impacto comercial mas também como mecanismo de proteção, suspendemos na totalidade a nossa produção entre o final de março e o fim de abril. Retomámos depois a atividade produtiva, de uma forma organizada e gradual, até à plena atividade em inícios de julho.
Com mais de 90% da produção a ter como destino a exportação, isso teve muito impacto no negócio? Foram necessárias alterações de grande relevo na logística?
Teve especial impacto ente a segunda quinzena de março e o início de maio, mas depois retomou e com uma grande dinâmica. Houve naturalmente necessidade de tomar medidas no nosso departamento de logística mas, com grande dedicação e responsabilidade de todos, fomos bem-sucedidos.
Não obstante a paragem de produção, garantimos sempre os fornecimentos aos nossos clientes, mesmo na fase critica do confinamento, graças às medidas tomadas e a uma equipa de logística muito organizada e dedicada. Todo este esforço permitiu-nos terminar o ano de 2020, praticamente em linha com os números de 2019.
Que medidas foram implementadas para proteção dos trabalhadores e também os componentes que produzem?
No final de março, em concordância com todos os colaboradores, começámos por dar férias e de seguida entrámos num período de lay-off, com exceção de parte do departamento comercial e do departamento de logística.
Depois retomámos gradualmente a atividade, mas sempre com particular atenção para as medidas de proteção individual e de grupo como, por exemplo, a disponibilização de máscaras aos colaboradores, a higienização frequente dos espaços comuns, a medição de temperatura, o distanciamento e o teletrabalho, quando possível, para além dos testes que realizámos e continuamos a realizar com regularidade. Medidas, que aliás ainda estão em vigor na empresa à data de hoje.
Qual o investimento em medidas de proteção?
Não tenho os valores exatos do investimento, mas seguramente foram umas dezenas de milhares de euros. Mas consideramos que foi um investimento importante e necessário para os nossos colaboradores se sentirem mais seguros e tranquilos.
A pandemia serviu também para otimizar aspetos do negócio e fazer algumas mudanças?
Sim, é verdade. Para lá de reflexões importantes sobre alguns aspetos organizacionais, que seguramente nos levaram a analisar e implementar oportunidades de melhoria, preparámos o lançamento de novas gamas de produto, especialmente na parte quente do sistema, como nas referências Euro 6 (filtros de partículas, catalisadores e SCR`s).
Além disso, iniciámos um estudo de tratamento do ar interior em transportes públicos [Clean Veneporte Solutions – Pure & Safety Air] e apresentámos uma candidatura ao programa SI15/2020, em consórcio com a Universidade de Coimbra e a ADAI. Foi aprovada com pontuação máxima, estando neste momento a decorrer uma fase de testes a um equipamento que poderá eliminar a carga viral nos transportes públicos. A equipa responsável por este projeto irá também debruçar-se sobre as questões da qualidade do ar em ambiente de mobilidade partilhada ou individual.
A Veneporte acredita que 2021 vai ser um ano em grande, podendo mesmo ser histórico. A especialista em sistemas de escape, que trabalha com “diversas marcas e um conjunto alargado de modelos”, afirma que isso é o reconhecimento da qualidade dos seus produtos.
Para 2021 quais as novidades e que objetivos tem a Veneporte?
Para 2021, temos objetivos muito claros e importantes. Temos de chegar ao final do ano conseguindo recuperar o não crescimento previsto para 2020, e somar o que estava previsto para 2021.
Estamos muito otimistas e julgamos que conseguiremos fazer um ano que será verdadeiramente histórico para a empresa, naturalmente se o quadro da pandemia tiver uma evolução favorável.
Que área tem maior impacto na atividade da Veneporte? O trabalho direto com os fabricantes ou o fornecimento de componentes para o aftermarket?
Não obstante a relação estratégica com os clientes OEM e OES, é o mercado IAM (aftermarket independente) que tem maior importância na atividade da empresa.
O que é mais importante na relação direta com os fabricantes e como respondem ao desafio de garantir o cumprimento dos requisitos técnicos de cada marca?
Penso que são um conjunto de competências e a sua interação, como o desenvolvimento do produto, a capacidade de produção e as tecnologias instaladas, as capacidades logísticas e ainda o sistema organizacional e de qualidade. Naturalmente que as exigências são muitas, mas temos conseguido responder de uma forma clara ao que nos é solicitado. Todos os projetos OEM e OES em que estamos envolvidos são naturalmente uma enorme demostração de confiança e reconhecimento pelo trabalho por nós desenvolvido.
Há diferenças em relação ao trabalho com o aftermarket?
Os requisitos são bastante diferentes, embora cada vez mais exigentes, sendo que do ponto de vista logístico em alguns casos até se torna mais complexo.
A Veneporte gasta centenas de milhares de euros por ano em investigação, mas Abílio Cardoso acredita que a empresa vai colher os frutos desta aposta, conseguindo acompanhar a introdução de normas de emissões mais apertadas. E destaca o papel que a empresa tem tido no combate ao que considerada serem “verdadeiros atentados à saúde pública”
A investigação tem uma importância imensa na atividade da Veneporte. Qual o investimento feito anualmente nesta área?
Temos vindo a investir todos os anos algumas centenas de milhares de euros em investigação e desenvolvimentos de novos modelos.
A garantia de qualidade no fabrico é outra preocupaçãoconstante, suponho…
A qualidade dos nossos produtos foi, é, e sempre será uma das nossas grandes preocupações. Esta nossa atitude e responsabilidade tem sido recompensada com um crescente reconhecimento por parte dos nossos clientes e do mercado em geral. Somos hoje uma das empresas de referência do setor, e isto muito se deve à inovação e qualidade dos nossos produtos.
Quão exigentes são os métodos de verificação de produto que a Veneporte tem implementado em toda a sua cadeia de produção?
Somos particularmente exigentes nessa matéria, mas também no correto desenvolvimento dos nossos produtos, na sua homologação, etc…Aliás, somos há muitos anos fortes opositores aos graves crimes ambientais que continuam a ser praticados por outros players no mercado, como as práticas de remoção dos filtros de partículas dos veículos e a instalação de catalisadores que não respeitam os níveis de emissões definidos pelas diretivas.
A preocupação com o cumprimento das normas ambientais tem sido uma área de grande intervenção para a Veneporte…
Alertámos muitas vezes para estes problemas, mas infelizmente as autoridades não atuaram de forma responsável. Fica para a história o nosso contributo no combate às práticas ilegais que são verdadeiros crimes públicos e sérios atentados à saúde pública e ao ambiente. Um dia, talvez nos deem razão.
A crescente exigência das normas de emissões tem beneficiado a Veneporte, pelo reconhecimento do sector para a qualidade e eficácia dos seus componentes?
Não temos qualquer dúvida, mas isso deve-se ao facto da nossa capacidade de acompanhar essas exigências, provavelmente ao contrário de outros fabricantes.
Como analisa as mudanças nas normas ambientais? Elas são bem ponderadas, tendo em conta o investimento necessário para a investigação e produção?
Não tenho dúvidas que a ponderação existe, embora julgue que o esforço de redução de emissões deveria ser mundial e não apenas em algumas partes do mundo. Por exemplo, não me parece que faça sentido exigir à Europa um enorme esforço quando outras partes do mundo não se preocupam de forma séria com isso.
Por outro lado, é importante uma correta legislação, mas é fundamental que exista uma correta fiscalização no mercado de reposição para evitar más práticas que, infelizmente, são do conhecimento do setor e que, naturalmente ,a Veneporte está completamente contra elas.
A luta contra os componentes não-homologados e a concorrência de empresas que não cumprem requisitos de produção, segurança e ambientais é uma grande batalha?
Claramente o combate às más práticas será sempre uma bandeira da nossa empresa, esteja relacionadas com a venda de produtos não homologados ou com os problemas de emissões. Volto a afirmar que estamos a falar de verdadeiros atentados à saúde pública. Estas situações não deveriam ser desvalorizadas pelas autoridades que têm responsabilidade nesta matéria!!!!
Para cumprir as novas normas até 2030 bastará a otimização dos motores e sistema de escape atuais ou poderemos ver surgir novos componentes, como aconteceu com a introdução dos SCR’s?
Como sabemos, ao nível de emissões haverá cada vez mais limitações e as soluções técnicas irão ao encontro dessa necessidade. Haverá seguramente muita inovação nesta área.
Para uma empresa que fabrica componentes do sistema de escape, como encara a eletrificação? Pode no futuro a Veneporte alargar a área de atividade para outros componentes (até, quem sabe, para veículos elétricos)?
Naturalmente que estamos atentos a esta realidade. Procuraremos evoluir na nossa atividade com o objetivo de acompanhar os limites de emissões impostos para a combustão, mas não deixaremos de estar atentos a outras áreas de negócio, estratégia que, aliás, já estamos a desenvolver, embora gradualmente.
Uma empresa do setor automóvel de Águeda aliou-se à Universidade de Coimbra para desenvolver um purificador do ar em transportes públicos e viaturas pessoais. Objetivo: diminuir o risco de Covid-19.
in Observador, por Vanessa Rodrigues (texto), Rui Oliveira (fotografia), 30-01-2020
Para chegar de carro até à entrada principal da empresa de componentes automóveis Veneporte, em Vale Grande, no concelho de Águeda, a partir do IC2, é preciso entrar na EN 333, ao encontro da estrada municipal 606, procurando depois o número 412 da Rua Jesse Almeida. É um percurso por vias secundárias, onde persiste a paisagem de pequenos terrenos agrícolas – alguns alagados pelo dilúvio que o temporal do dia impõe –, armazéns e pinhais que teimam em mostrar as folhas pontiagudas, espicaçadas pelo vento.
Se espreitarmos da janela do escritório de Abílio Cardoso, administrador da empresa-fábrica aguedense de componentes do sistema de escape para automóveis, essa mesma paisagem bucólica repousa, nesta altura do ano, como um quadro de inverno. Predominam os tons de castanho-terroso, verde-musgo e céu-cinzento cobalto. Cardoso confessa que já não repara nela, por automatismo, denunciado as três décadas de história laboral por ali. Os campos estão divididos em parcelas de terra de forma rectangular, uns estão despidos, outros têm o que resta de uma tímida colheita de milho e que a chuva intensa trata de devolver à terra.
No dia 11 de dezembro, percebe-se que a natureza está a trabalhar, no exterior, algo parecido com aquilo que o consórcio da empresa de Cardoso, em parceria com a Universidade de Coimbra (UC), anda a tentar desenvolver, para o interior de transportes públicos e veículos particulares. Ou seja: um dispositivo que pretende purificar e renovar o ambiente, neste caso dentro dos veículos, para aumentar a qualidade do ar e diminuir a carga viral, seja por Covid-19 ou outro tipo de patógenos que possam provocar doenças.
Por causa do segredo industrial e devido à fase inicial em que se encontra o Clean Veneporte Solutions – Pure & Safety Air (CVS), que será desenvolvido na Veneporte, em Águeda, não houve ainda notícias sobre esta iniciativa no espaço público. Esta é a primeira
Chama-se Clean Veneporte Solutions – Pure & Safety Air (CVS) e será um dispositivo para colocar nas viaturas. A iniciativa, que nasceu primeiro com a designação de PureAir@Automotive, para efeitos de candidatura a fundos comunitários, foi aprovada para financiamento no final de setembro. Faz parte da seleção final de 199 projetos aprovados (a partir de 286 candidaturas submetidas) ao Aviso 15/SI/2020, lançado em maio pelo Compete2020 e dirigido a empresas e centros de investigação que levem a cabo “atividades de investigação, desenvolvimento e investimento em infraestruturas de ensaio e optimização no contexto Covid-19”. A Veneporte recebeu 389 mil euros para, em parceria com a Universidade de Coimbra, desenvolver um projeto cujos custos iniciais rondarão o meio milhão de euros de investimento total. Em três meses, o primeiro protótipo ficou pronto para testes.
O consórcio que une a investigação à indústria automóvel
Abílio Cardoso e Manuel Gameiro estão sentados a cerca de um metro e meio de distância, numa das laterais da grande mesa preta da sala de reuniões da Veneporte. Além de alinhados no mesmo projeto indústria-investigação, o empresário e o professor catedrático do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC escolheram, sem querer, os mesmos tons para a roupa do dia. Gameiro está vestido com um fato azul, costurado com cotoveleiras, usa uma camisa azul-claro, com uma gravata sedosa de cor índigo gravada com flores em azul-celeste. O blazer está abotoado. Cardoso veste uma camisa azul-bebé, sem gravata e tem o blazer desabotoado.
Dadas as restrições atuais, para diminuir o contágio por Covid-19, e tentar abreviar o tempo de contacto, a equipa preparou uma apresentação resumida sobre o CVS. Por esta altura, por causa do segredo industrial e devido à fase inicial em que se encontra o Clean Veneporte Solutions – Pure & Safety Air, não houve ainda notícias sobre esta iniciativa no espaço público. Os dois líderes de projeto vão intervindo e respondendo às questões, à medida que o assunto lhes diz respeito diretamente. O gerente de marketing, Pedro Bastos, sentado a meio da mesa e do lado oposto às lideranças, dirige o powerpoint, avançando ou recuando mediante os complementos informativos técnicos, comerciais ou científicos.
A ideia de criar um dispositivo para purificar o ar interior dos veículos de transportes públicos surge, segundo o empresário da Veneporte, da urgência em aliar duas variáveis da mesma equação: a estratégia de uma nova área de negócio e o contributo social para um problema de saúde pública. O CVS é, por isso, um “novo complemento da atividade da Veneporte”, empresa fundada em 1966 e que se especializou em sistemas de escape, catalisadores, filtros de partículas, sistema de controlo de emissões automóveis e outras componentes para a indústria. Depois, esclarece Cardoso, como a mobilidade coletiva é uma fonte de risco de contágio comprovada, era necessário “fazer algo para criar soluções”.
Em março, Manuel Gameiro publicou um artigo científico em que já defendia o uso de máscara no exterior e que devíamos evitar reuniões presenciais devido ao contágio em ambientes fechados. Orador frequente em conferências sobre qualidade do ar, é professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
“Sentimos que a questão dos transportes públicos era uma preocupação diária dos cidadãos, mas era também um problema e uma preocupação das autoridades de saúde e do próprio poder político”, diz o empresário.
A Veneporte tinha já a tecnologia, e o “saber-fazer” de inovação na área. Só não tinham a experiência científica. Por isso, no final de abril de 2020, Cardoso contactou Gameiro para pensarem, junto com as equipas, “como seria possível resolver esse problema”.
Ao todo há 26 pessoas envolvidas no projeto. Da equipa de engenharia e administração da Veneporte a profissionais da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), instituição de investigação ligada ao Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (UC), mais elementos do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da mesma instituição, a que se juntam profissionais da Faculdade de Medicina, com ênfase na microbiologia para avaliar parte dos resultados.
Pelo menos até junho de 2021 vão trabalhar em parceria, para não só encontrarem uma solução para purificar o ar para os transportes coletivos e individuais, como também para, a partir dos resultados obtidos, pensarem em possíveis soluções de purificação de ar para locais públicos. “Como centros de saúde, espaços comerciais, restaurantes ou bares”, exemplifica Cardoso, enfatizando que, para já, a prioridade são os veículos públicos.
O empresário de fala serena e passo acelerado
Abílio Cardoso fala com calma, como se escolhesse bem as palavras a utilizar, para melhor descrever o CVS e a nova área de negócio, enfatizando a estratégia cautelosa, para minimizar os riscos financeiros. Ele gosta de ter as contas em dia e manter uma gestão sustentada, para garantir a boa saúde financeira da empresa que administra.
Em 2019, a Veneporte foi finalista do Grande Prémio Internacional de Inovação Automóvel da Equip Auto, o salão internacional de pós-venda e serviços do sector automóvel, realizado anualmente em Paris. É a 48ª no ranking setorial. A moderação do discurso do administrador contrasta com o passo largo e apressado quando nos mostra a fábrica. São cinquenta mil metros quadrados (cerca de cinco campos de futebol) em 23 minutos que parecem cronometrados, entre barulhos estridentes e metálicos, que os tampões de ouvido obrigatórios fornecidos ensaiam amenizar.
Cardoso, que gere uma empresa com cerca de 180 funcionários, percorre com celeridade os vários corredores industriais. Há tubos metálicos empilhados, homens a soldar, faíscas da fricção no metal, mulheres com papéis administrativos nas mãos, carrinhos de um lado para o outro. Ele está na Veneporte desde 1991, onde começou no departamento financeiro. “Nessa altura a empresa estava numa situação deficitária, financeiramente muito difícil, muito desorganizada”, recorda.
Antes de ingressar na companhia que atualmente administra, numa ascensão com uma “transição gradual” para a parte comercial, o empresário de 53 anos tinha trabalhado numa holding em Coimbra que administrava várias empresas industriais. Essa sociedade financeira tinha um área de Finanças Corporativas. Foi nesse contexto que teve conhecimento do momento que a Veneporte atravessava. “Um grupo de empresários manifestaram interesse em investir na empresa.” Ele foi um deles. Ao longo dos anos trabalharam na recuperação da Veneporte até que, em 2013, ele ficou como único acionista.
Natural de Anadia, no concelho de Águeda e a viver em Coimbra, o empresário tem o retrato da família no escritório. É casado e pai de três filhos. Admite que fez “uma alteração radical” na parte comercial da empresa, que hoje exporta 90% da produção para a Europa, mas tem, também, negócios em África, sobretudo na região do Magreb, Israel e, “pontualmente”, na Rússia.
É nesta empresa com 180 funcionários que será produzido o CVS, um dispositivo que irá purificar e renovar o ambiente dentro dos veículos, para aumentar a qualidade do ar e diminuir a carga viral – seja Covid-19 ou outro tipo de patógenos que possam provocar doenças
Em março de 2020, depois de passar “por uma série de aeroportos vindo de uma viagem de negócios da América Latina”, percebeu que o momento que se avizinhava iria exigir medidas rigorosas para uma empresa do setor automóvel. “A 27 de março a empresa entrou de férias, seguiu-se o regime de lay off e, depois, aos poucos entrámos gradualmente ao trabalho.”
Cardoso não é “pessoa de sonhos mirabolantes”, admite. Diz que tem antes “uma ideia de que os sonhos se constroem no dia a dia, de forma sustentada.” Foi sempre realista. Aliás, destaca que “nunca pensou em ser futebolista”, ainda que admita que essa seja uma tentação para muitos jovens, independentemente da geração. Chegou a jogar futebol durante dois anos, dos 15 aos 17 anos, na Liga dos Amigos de Aguada de Cima, no escalão de juniores. Foi capitão de equipa e reconhece que se destacou desde cedo em funções de liderança.
Licenciado em Economia, “viveu intensamente a vida académica”, foi “tesoureiro na Queima das Fitas em 1989” e não foi “um aluno brilhante”. Mas, desde que começou a trabalhar, realça, mostrou-se “uma pessoa muito dedicada ao trabalho”. Trabalha de manhã cedo até “fora de horas”: até onze ou meia-noite, inclusive aos fins-de-semana”. Diz que tem pouco tempo livre, mas profetiza que “isso vai ter que mudar”, como quem garante desde já um desejo para 2021. Até porque, ao pensar melhor, o que mais gosta de fazer no tempo livre, além de descansar, é “estar com a família e acompanhar os três filhos e a esposa”, professora universitária.
Garante que é apaixonado pelo que faz e, apesar do contexto pandémico, diz que “a Veneporte conseguiu recuperar bem”. Está convicto que o CVS vai, também, garantir a diversificação do portfólio de negócio da empresa, com sucesso. Ao lado da fábrica vão construir uma área industrial só para desenvolver este projeto, pois será necessário, entre outras funções, instalar o dispositivo nos veículos. São uma empresa vertical, dominando todo o processo, e com capacidade de subcontratar outros serviços adjacentes. “Este processo nascerá numa interação e numa cooperação de diferentes capacidades instaladas na região. Ou seja, pretendemos dominar o produto, dominar a engenharia, dominar o processo, e neste contexto subcontratar algumas atividades, que ou não temos, ou eventualmente outros terão melhor capacidade [para desenvolver e implementar].”
O professor que antecipou o futuro e brinca com papagaios
Gameiro está habituado a falar em público. É orador assíduo em conferências sobre qualidade do ar e tem presença frequente na imprensa como especialista convidado nesta área (e em climatização). No dia em que fala ao Observador, vai ter de sair mais cedo da conversa para presidir ao júri da defesa de uma prova de mestrado.
Nasceu em Coimbra, mas a família é de Albergaria dos Doze, antiga freguesia do concelho de Pombal. A História do século XII dá nota que foi local de passagem e estalagem de viajantes que procuravam albergue. D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, terá então fundado uma albergaria para os acolher. Gameiro não tem tempo para nos falar desta história. Vive desde os 15 anos em Coimbra, onde estudou. Quis ser arquiteto, mas a Engenharia Mecânica acabaria por falar mais alto. “Sonhava vir a trabalhar em design de projeto de automóveis, porque pensava em trabalhar para a indústria automóvel”, recorda. A tese de Doutoramento foi sobre a aerodinâmica de autocarros. “Comparei duas formas diferentes de autocarro: questões de otimização da forma de autocarro, mas também os escoamentos no compartimento de passageiros, questões de conforto térmico, qualidade do ar, ruído, vibrações”, relembra. “Os fabricantes de veículos normalmente não externalizam este tipo de atividade. Normalmente estão sujeitas a segredo industrial.”
Depois disso teve um contrato com uma empresa do setor automóvel e com a universidade para aprofundar a investigação doutoral. O percurso profissional entre a academia e a consultoria seria traçado desde cedo: começou por ser contratado como bolseiro de investigação, depois como assistente estagiário. Atualmente, o professor catedrático investiga, sobretudo, as questões da qualidade ambiental interior, a eficiência energética e a sustentabilidade, testes de veículos, aerodinâmica e sistemas de medição. É investigador principal e coordenador de mais de trinta projetos de investigação, patrocinados por organizações internacionais, nacionais e privadas.
Além disso, é autor e co-autor de mais de trezentas publicações, nomeadamente livros, trabalhos científicos, capítulos, conferências e relatórios técnicos a nível nacional e internacional. A 31 de março publicou, inclusive, um artigo científico seminal em que antecipa muitas das medidas hoje já obrigatórias no contexto da Covid-19. Nesse texto, foi dos primeiros cientistas a indicar quer que “devemos usar máscara mesmo no exterior” e que devíamos evitar as reuniões presenciais, advertindo para o perigo de contágio em ambientes fechados.
Essa publicação terá influenciado muitas das medidas de segurança da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), na Suíça. “Um aluno meu é responsável pelas medidas de higiene e segurança no trabalho no CERN e fez uma apresentação baseada nas recomendações desse artigo, influenciando a estratégia de gestão do espaço, em termos de qualidade do ar.”
Mas há outra atividade a que este cientista se dedicou durante algum tempo e cujas medições foram essenciais para a base de trabalho da CVS. Em 2019, sempre que viajava, analisava a qualidade do ambiente de todos os meios de transporte que utilizou: avião, comboio, autocarro, carro. Enquanto fala, retira do bolso um pequeno dispositivo e antecipa a pergunta que se impõe. “Isto mede a concentração de CO2 [dióxido de carbono], compostos orgânicos voláteis, temperatura, humidade, pressão atmosférica e o nível de iluminância, para avaliar a qualidade dos ambientes interiores”. Ao monitorizar tudo isso constatou um grave problema: “Nos meios de transporte, principalmente, nos rodoviários, as condições típicas não são aquilo a que podemos chamar uma boa qualidade do ar”.
“As vacinas vão criar outras expectativas aos utilizadores de transportes públicos, mas acreditamos que este produto possa ser uma mais-valia, criando maior conforto e tranquilidade”, diz Abílio Cardoso
Gameiro é também Embaixador nomeado pela Aliança para o Desenvolvimento Sustentável, para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 das Nações Unidas sobre promoção de Energias Renováveis e Acessíveis. Nos tempos livres viaja para a casa de praia em Quiaios, na Figueira da Foz. De lá vê a Serra da Boa Viagem e um areal a perder de vista. “Adoro brincar na praia com uns papagaios que dão para fazer umas acrobacias que é uma coisa que tem a ver com aerodinâmica”, graceja, sem esconder o entusiasmo, ao mesmo tempo que deixa escapar o tom de quem avisa que esta atividade exige sabedoria.
As soluções para melhorar a qualidade do ar
O professor sabe tudo sobre qualidade de ar. Primeiro, no powerpoint, exemplifica com um estudo de caso da medição da qualidade do ar, a partir da análise da presença de dióxido de carbono, num dia de seminário das 9h às 19h, na Faculdade de Engenharia, em Coimbra. “A partir da concentração de CO2 que eu tenho em cada momento, tenho uma noção de qual é a qualidade do ar expectável naquele espaço”, explica o professor.
E, então, como se purifica o ar? “Há várias estratégias: de forma química, por radiação ou ionização.” Depois detalha. Por um lado, “removemos ou atenuamos as fontes de carga viral, que é o que fazemos quando usamos máscara”. Por outro, “fazemos exaustão localizada quando sabemos que temos uma fonte forte e conhecemos a localização”, que é o caso do exaustor na cozinha. Depois, “podemos fazer diluição com ar novo”, para tentar baixar a concentração de poluente. Por fim, “podemos fazer a filtragem ou purificação do ar, tentando tirar os elementos poluentes”. Neste momento, o que o consórcio constituído em maio de 2020 está a fazer é precisamente estudar “entre as várias estratégias possíveis”, para “escolher aquela que representará o melhor compromisso de eficiência e custo”, detalha Gameiro.
Abílio Cardoso completa o raciocínio do docente-investigador: “E dentro da lógica e oportunidade comercial”. Gameiro completa o raciocínio. “O dispositivo recolhe o ar, processa-o e fá-lo sair mais limpo, provocando uma corrente de recirculação. Esta corrente vai depender dos caudais e dos valores com que estivermos a trabalhar.”
Este foi um dos 199 projetos aprovados (a partir de 286 submetidos) a um dos concursos lançados em maio pelo Compete2020, dirigido a empresas e centros de investigação no contexto Covid-19. A Veneporte recebeu 389 mil euros de fundos comunitários para desenvolver o CVS em parceria com a Universidade de Coimbra
Neste momento estão a fazer os estudos de qual é o nível de penetração que conseguem que se tenha de dentro dos “habitáculos”, ou seja uma simulação dos espaços dos veículos, dependendo das respectivas dimensões. Em função desses resultados é que vão perceber quais devem ser as características do equipamento. Por agora, o protótipo teste não tem um design definido sequer. E a ideia é perceber, ainda, “quantos equipamentos serão necessários para ter um bom varrimento” em cada veículo, indica Cardoso.
Até final de janeiro terão resultados mais sólidos para apresentar, embora os cálculos já feitos e as suspeitas indiquem resultados promissores para a validação da prova de conceito. Gameiro adverte, no entanto, para um “pormenor” sobre a eficiência de 90% na primeira passagem de purificação do ar, com base na dose de exposição ao vírus. “Para isto ser benéfico não tem que, necessariamente, garantir, os 100% dos vírus que existem, porque se tiver uma capacidade importante de purificação já é um ganho significativo”.
Cardoso concorda e reflete sobre o possível impacto do CVS, defendendo que vai permitir diminuir o risco de contágio. “Temos consciência que a fase Covid, provavelmente com a entrada de vacinas, vai criar outro tipo de expectativas aos utilizadores de transportes públicos, mas acreditamos que este produto possa ser uma mais-valia não só na fronteira do transporte público, mas também na fronteira do transporte partilhado, criando maior conforto e tranquilidade”.
Este artigo faz parte de uma série sobre o trabalho levado a cabo pelo Parlamento Europeu e é uma parceria entre o Observador e esta instituição
Abílio Cardoso, administrador da Veneporte, em Águeda, onde será produzido o CVS, um dispositivo para purificar o ambiente dos automóveis e transportes públicos
A Câmara de Tondela vai ceder um lote da Zona Industrial Municipal do Lajedo para a empresa Brose, que se dedica a fabricar sistemas de fechaduras e outras peças automóveis.
in Jornal do Centro, 17-11-2020
O contrato foi celebrado na quarta-feira (16 de dezembro), com vista a alargar o espaço industrial da empresa em Tondela.
Segundo refere a autarquia, a Brose “tem em curso um plano de investimentos, a ocorrer nos próximos quatro anos, que prevê a duplicação da área industrial que existe atualmente” em Lajedo.
Investimentos esses que ultrapassam o total de sete milhões de euros e que preveem a criação de novos postos de trabalho, permitindo à empresa alemã chegar aos 500 trabalhadores.
“Com o crescimento desta unidade industrial, resultarão novas infraestruturas criadas pelo Município de Tondela, de forma a que, no futuro, venham a ser agregados o lote agora objeto de venda e o existente anteriormente”, acrescenta a autarquia em comunicado.
Brose instalou-se em Tondela em 1994, tendo como clientes marcas automóveis como a BMW, a Ford, a PSA, a Renault, a Fiat e a Jaguar Land Rover.
Empresa viajou até à Alemanha para apresentar soluções inovadoras que permitem automatizar e otimizar a cadeia de produção e a logística das empresas do setor industrial.
in Pinto Brasil, 22-11-2019
Integrada numa estratégia de crescimento e de promoção do melhor que se faz em Portugal no setor da intralogística e dos sistemas de produção, a Pinto Brasil voltou a participar em mais uma edição da Productronica.
A maior feira internacional de desenvolvimento e criação de produtos eletrónicos, que abrange toda a cadeia de valor, realizou-se em Munique na última semana e contou com 44 mil visitantes. A grande maioria são tomadores de decisão, representantes de grandes multinacionais que procuram as tecnologias mais recentes para maximizar a performance produtiva das suas indústrias.
Esta é a 3ª participação da Pinto Brasil no evento. Desta vez, levou consigo uma empresa que também pertence ao Grupo Pinto Brasil: a GenSYS – Smart Production Systems. Em conjunto, as duas empresas apresentaram uma solução inovadora, a SmartLine, uma linha de montagem inteligente, formada por vários AGV’s (Automated Guided Vehicles) e que funciona com a ajuda do software de produção criado pela GenSYS.
Esta novidade atraiu centenas de visitantes que quiseram saber como esta solução funcionava e como poderia ajudar a melhorar a performance produtiva das suas empresas.
Este ano, a Productronica voltou a contar com uma elevada afluência de expositores, foram mais de 1500 oriundos de 44 países. Este é um evento que cresce a cada edição e que se torna, cada vez mais, uma montra da criação tecnológica direcionada para a produção onde é possível encontrar os lançamentos mais recentes e inovadores.
Há 28 anos a inovar nos sistemas de produção
Sediada em Guimarães, a Pinto Brasil iniciou a sua atividade em 1991. Desde então, a empresa procura dar resposta às necessidades dos seus clientes do setor automóvel. Idealizando e criando sistemas inovadores para produção, a Pinto Brasil oferece soluções modulares para a fabricação em larga escala, automação de fábricas, sistemas de transporte e tecnologias de gestão e otimização da produção e stocks.
A qualidade e fiabilidade das suas soluções fazem da Pinto Brasil um parceiro de confiança para alguns dos principais players da indústria automotiva.
Bosch Car Multimedia, em Braga, é um caso exemplar de sucesso em Portugal. Um sucesso apoiado na competência ao nível da produção mas também na Investigação e Desenvolvimento. E que se traduziu, em 2017, num crescimento de 49% nas vendas. Este resultado, tal como a empresa, não é de agora. Tem por trás toda uma história, também ela exemplar, contada aqui, em discurso directo, por Carlos Ribas, Representante da Bosch em Portugal e Administrador Técnico da Bosch em Braga.
in Revista Industrial Portugal Forum nº 2, 18-02-2019
Dos auto-rádios à Bosch Car Multimedia
É estratégica a presença da Bosch em Braga, para a região e também para o país. Portugal tem vindo a conquistar espaço no panorama da inovação e na área da tecnologia, muito devido ao trabalho desenvolvido pelas equipas desta unidade, que dão o seu contributo para projetos estratégicos e que definem de forma muito particular o futuro da mobilidade autónoma, segura, conectada e elétrica, a nível global.
Neste sentido, é preciso perceber a evolução desta unidade que começou por ser apenas de produção, aquando da sua inauguração em 1990 e ainda sob a designação de Blaupunkt. Nessa época, a atividade da empresa limitava- se à montagem de auto-rádios, mas já com um importante peso económico e social em toda a região bem como no país. A evolução do mercado automóvel e as exigências das construtoras a nível mundial obrigaram-nos a um primeiro realinhamento estratégico, tendo sido a empresa, outrora Blaupunkt, rebaptizada em 2009 como Bosch Car Multimedia Portugal, S.A.»
Uma empresa sempre em transformação e sempre mais tecnológica
Desde então, a empresa tem vindo a atravessar uma transformação permanente na aquisição de conhecimentos e competências específicas em domínios mais tecnológicos. Também os fabricantes automóveis, cada vez mais exigentes, começavam a procurar equipamentos de infotainment que dessem aos seus utilizadores mais do que meras funções básicas de um rádio e navegação.
Para além da necessidade de produção e apoio ao desenvolvimento deste tipo de sistemas, a Bosch Car Multimedia Portugal começou também a produzir e a desenvolver sensores da área de segurança, nomeadamente sensores de ângulo de direção que fornecem a informação necessária para atuação do ESP, que é o sistema de segurança que mais vidas salva a seguir ao cinto de segurança.
Outros produtos de grande sucesso produzido Bosch em Braga são os sistemas de instrumentação, razão pela qual as instalações têm vindo a ser ampliadas e a equipa continua a crescer de uma forma sustentada.»
3700 colaboradores e 84 milhões de investimento em 2018
O crescimento da empresa e as provas dadas da competência tanto a nível de produção como ao nível da Investigação e Desenvolvimento de novas soluções, tecnologias e produtos, permitiram um crescimento das vendas de 49% em 2017. A Bosch está no pódio das empresas portuguesas que mais exporta no país e é uma das maiores empregadoras, confirmando mais uma vez o papel estratégico que assume, sendo cada vez mais um parceiro estratégico para Portugal.
O sucesso desta unidade permitiu que fossem investidos 84 milhões de euros em 2018, nomeadamente na expansão das instalações. A par da expansão das suas instalações, a Bosch Car Multimedia Portugal inaugurou, em 2018, um novo Centro de Desenvolvimento e Tecnologia que consolida Portugal, e mais concretamente Braga, como um “coração para a condução autónoma e mobilidade do futuro”.Mas não é só no investimento que a Bosch em Braga se destaca. No que diz respeito ao número de colaboradores o registo é também relevante, contando já com mais de 3700 colaboradores, dos quais mais de 450 engenheiros que se dedicam ao desenvolvimento de soluções que contribuem para uma mobilidade mais segura, eficiente e confortável, a partir de Braga para o mundo.»
A maior parceria de inovação em Portugal
O trabalho realizado pelas várias equipas beneficia de um suporte que ultrapassa as instalações desta unidade e, nesse sentido, a Bosch Car Multimedia Portugal foi também pioneira. Em 2012, fruto da exigência para tecnologias cada vez mais avançadas, a Bosch e a Universidade do Minho assinaram aquela que viria a tornar-se na maior parceria de inovação em Portugal e uma das maiores parcerias entre indústria e academia da Europa.
Esta aposta no aproveitamento e rentabilização do conhecimento produzido pelas instituições académicas serviu posteriormente como exemplo e como mote para que outras empresas e outras instituições de ensino se associassem e estabelecessem sinergias que permitem hoje que Portugal seja uma referência na área da investigação e as suas universidades procuradas pela sua qualidade.
No que toca ao projeto propriamente dito entre Bosch e a Universidade do Minho, o mesmo conta já com duas fases concluídas e resultados reconhecidamente muito positivos. No total estiveram envolvidas mais de 800 pessoas, mais de 360 das quais novas contratações; e foram submetidas várias patentes, colocando, inclusivamente, a Bosch Car Multimedia Portugal na entidade que mais submissões de patentes fez em 2018, totalizando-se em 26.
Os sucessos alcançados nesta parceria motiva-nos a estabelecer desafios ainda mais ambiciosos. Novos projetos entre as duas instituições já se encontram em fase de candidatura e aprovação, e espera-se um investimento de 108 milhões de euros, que vai permitir a submissão de pelo menos 33 patentes para além da criação de um elevado número de novos produtos, através do envolvimento de mais de 950 pessoas, cerca de 450 das quais serão novas contratações.»
Sistemas para o futuro com ambição global
Por todas estas razões a Bosch Car Multimedia Portugal tem conquistado projetos de relevo a nível global e consolidado as suas competências no domínio da inovação, investigação e desenvolvimento. Prova disso é o envolvimento em projetos estratégicos para a mobilidade do futuro e a condução autónoma como o amplamente falado V2X, que permite a comunicação entre veículos e infraestruturas; e o sensor de movimento e posicionamento do veículo, que permite ultrapassar a falta de precisão dos sistemas de localização atuais. Equipas de engenheiros portugueses estiveram na criação destas soluções inovadoras.
Além disso, o sistema Mirror Cam, que irá substituir os atuais retrovisores exteriores dos camiões, também ele foi desenvolvido com o contributo da equipa da Bosch em Braga, e vai aumentar o nível de visibilidade de todo o veículo, a segurança e capacidade de manobra de quem conduz.
Por fim, o conhecimento e a experiência adquirida ao longo dos anos na produção de clusters para automóveis e outros veículos de quatro rodas permitiram que esta unidade conquistasse competências para o desenvolvimento das soluções mais inovadoras para os veículos de duas rodas.
A Bosch em Braga é, por isso, um verdadeiro centro tecnológico, capacitado para as exigências do futuro e responsável por traçar algumas das mais importantes linhas orientadoras para a mobilidade do futuro.»
“Os dias dos painéis de controlo totalmente planos chegaram ao fim. Com o primeiro painel de instrumentos curvo do mundo, a Bosch dá início a uma nova dimensão nos ‘cockpits’ de veículos”, diz Steffen Berns, presidente da divisão Car Multimedia da Bosch.
in Jornal Económico, por Nuno Miguel Silva, 14-11-2018
E essa tecnologia tem mão portuguesa, porque “parte do segredo desta nova solução tem a criatividade e o ‘know-how’ de engenheiros da Bosch Car Multimedia, em Braga”, como destaca um comunicado da multinacional alemã.
“O que há muito tempo chegou às salas de estar em casa das pessoas e também aos ‘smartphones’ está agora a ser colocado na estrada pela Bosch como o primeiro deste género em produção em massa”, garante um comunicado da Bosch.
“Os dias dos painéis de controlo totalmente planos chegaram ao fim. Com o primeiro painel de instrumentos curvo do mundo, a Bosch dá início a uma nova dimensão nos ‘cockpits’ de veículos”, diz Steffen Berns, presidente da divisão Car Multimedia da Bosch.
De acordo com o referido comunicado da Bosch, este inovador painel de instrumentos “curvo” vai oficializar a sua estreia no Innovision Cockpit do novo VW Touareg.
“Isso significa que a Volkswagen está a substituir a tecnologia de ecrã analógico por trás do volante por um monitor curvo de alta resolução e totalmente configurável”, assegura o mesmo comunicado.
A Bosch adianta que uma vasta equipa de especialistas, em particular nas instalações de Braga, deu suporte ao desenvolvimento deste produto e é agora responsável pelo projeto para futuros ‘designs’ e adaptações do produto.
“A equipa de engenharia mecânica é responsável por especificar e desenhar todas as partes físicas do produto. A assemblagem é também da responsabilidade da Bosch Car Multimedia, em Braga, assim como a sua expedição para os nossos clientes”, avança Carsten Stoll, Group leader da equipa de engenharia mecânica para Sistemas de Instrumentação da Bosch Car Multimedia em Braga.
Angela Merkel e António Costa inauguram esta quarta-feira, lado a lado, o novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento (T&D) da fábrica da Bosch de Braga, onde se está a trabalhar no carro do futuro. E vão ficar surpreendidos com o que vão ver, garante Carlos Ribas, representante do grupo alemão em Portugal: “Hoje estimamos que ocorre um acidente na estrada a cada 100 mil quilómetros. Com um veículo 100% autónomo estimamos que possa ocorrer um acidente a cada 10 milhões de quilómetros”
in Expresso, por Margarida Cardoso, 30-05-2018
Angela Merkel começa esta quarta-feira uma visita de dois dias a Portugal e tem na fábrica da Bosch, em Braga, a sua primeira escala. Vai inaugurar ao lado do primeiro-ministro, António Costa, o novo centro de T&D desta fábrica portuguesa do grupo alemão Bosch, que cresceu 49% no ano passado e vive a pensar na mobilidade autónoma. Crescer, investir, inovar, exportar e contratar têm sido as ordens de comando nesta casa, como conta ao Expresso Carlos Ribas, representante da Bosch em Portugal, onde o grupo tem lugar entre os maiores exportadores nacionais. A multinacional alemã já se habituou a “reconhecer o talento nacional” no domínio tecnológico e continua a contratar engenheiros portugueses. Boa parte do que fazem é sigiloso. “São coisas novas, que estão a ser feitas pela primeira vez e ainda não chegaram ao mercado”, explica Carlos Ribas. A chanceler, física de formação, ficará “certamente surpreendida” com o que vai ver e descobrir sobre o carro do futuro, sem condutor, garante.
O que está a ser feito na Bosch de Braga pode surpreender Angela Merkel?
Certamente que sim. Há tecnologia nova, coisas que estão a ser desenvolvidas pela primeira vez no mundo aqui e por isso mesmo são sigilosas. Mas posso dar como exemplo o VMPS – Vehicle Motion and Position Sensor. É um dispositivo com muito software em que já podemos fazer simulações. Permite identificar o posicionamento do veículo em qualquer local, já está a ser testado por um cliente e, até 2020, estará a ser colocado em automóveis.
E quando poderemos ver no mercado tudo o que está, agora, a ser feito em Braga?
O VMPS deve ser o primeiro a chegar ao mercado. Depois haverá muito mais. O que estamos a fazer é pensar, criar, desenvolver sensores ligados à condução autónoma. Não estamos a falar de um dispositivo que se coloca num carro e permite ao veículo andar sozinho, mas de um conjunto de vários dispositivos que em conjunto vão permitir a condução autónoma de forma segura e cómoda. É isso que estamos a fazer neste novo centro. A ambição da Bosch é colocar veículos 100% autónomos na estrada até 2025, com os nossos clientes.
E quem são os vossos clientes para isto?
O que posso dizer é que somos uma empresa alemã e a nossa prioridade são as empresas alemãs.
Caso o presidente norte-americano, Donald Trump, avance com mais tarifas aduaneiras sobre importação automóvel, como já anunciou, isso pode ser um problema para a Bosch e para este novo Centro de Tecnologia e Desenvolvimento?
A Bosch é um fornecedor global. Temos fábricas nos diferentes mercados, na China, na Europa, nos EUA. Não me parece que essa medida venha a ter impacto no curto prazo. E também não sentimos, ainda, efeitos do Brexit. Pode vir a acontecer no futuro, mas mantemos o otimismo.
Mas depois do crescimento de 37% nas vendas da Bosch Portugal em 2017, para 1,5 mil milhões de euros, agora falam em estabilização…
O ritmo de crescimento nos últimos três anos foi alucinante e era insustentável. Em Braga, por exemplo, crescemos 49%, o que representa um esforço gigantesco de toda a equipa. 2017 foi um ano de muito sucesso, mas também de muito trabalho. Agora pensamos num crescimento muito mais ponderado. A preocupação principal tem de ser estabilizar e consolidar o que conseguimos no ano passado e preparar as bases de um novo ciclo de crescimento dentro de dois a três anos.
Foi um crescimento alicerçado em muitos investimentos…
É a prova de que a Bosch reconhece o trabalho que está a ser feito em Portugal. O investimento da Bosch no país, no ano passado, foi de 84 milhões de euros. Somando três anos, este valor sobe para 350 milhões de euros. Braga representa a principal fatia deste valor. No triénio 2016/2018 temos 240 milhões de euros de investimento aqui, 3 milhões dos quais neste novo centro que inauguramos esta quarta-feira, com 100 trabalhadores, mas que vai continuar a crescer e deverá chegar ao fim do ano com 220 pessoas.
Como é que uma fábrica de autorrádios em Portugal se transforma numa unidade de ponta na área da mobilidade?
Começamos nos anos 90 com uma joint-venture para fazer autorrádios e fomos evoluindo, sempre atentos ao mercado. Reformulámos o portfólio para sistemas de navegação e painéis de instrumentos que são projetados já com o construtor automóvel e neste momento o grande desafio é a condução autónoma, é verdade. Como conseguimos isto? Com provas dados pelo trabalho feito e, também, um bocadinho à revelia, tenho de admitir. Não foi fácil, mas começámos logo a tentar nos anos 90. Durante muito tempo, a investigação e desenvolvimento (I&D) aqui era uma operação pequena. O grande salto foi dado a partir de 2010 e da parceria que criámos com a Universidade do Minho. Os nossos colegas alemães aperceberam-se que Portugal tinha um excelente sistema de ensino, pessoas competentes, talento. Deixaram de olhar para nós como um país de manufatura para produzir o que outros desenvolviam.
Nessa atenção dada ao talento português pesaram os custos salariais competitivos…
Na área de I&D a atratividade de Portugal pelo custo já não é o trunfo principal. Estamos a falar de competência, talento, capacidade de integração, educação. Mostrámos que somos tão eficazes como em qualquer outra parte do mundo. Os nossos colegas alemães reconhecem-nos esse valor. Em Braga, há três anos, tínhamos 1800 trabalhadores. Hoje somos 3500 e este número é para continuar a crescer, em especial em áreas técnicas muito especializadas.
Continua a ser fácil contratar?
O mercado em Portugal já está um pouco esgotado. Estamos a tentar trazer de volta jovens que saíram do país nos últimos anos, quando não havia emprego para todos, e temos tido algum sucesso. Já trouxemos gente de Inglaterra, da Holanda, da Áustria, da Alemanha e queremos trazer muitos mais. Também temos mais de 150 colaboradores portugueses da Bosch espalhados pelo mundo neste momento, a chefiar projetos e fábricas, da China ao Chile. Às vezes temos de dizer ‘chega’. Também precisamos de recursos humanos aqui.
Braga é o principal polo da Bosch na área da mobilidade autónoma?
Portugal é um dos polos mais importantes nesta área. Também há desenvolvimentos na Índia e na Alemanha, por exemplo, mas Portugal será um dos centros mais fortes. Depois do desenvolvimento também queremos produzir cá, claro, mas o fundamental é garantir as competências nessas áreas. Essa é a parte mais importante do negócio. Estamos a falar de investigação ao mais alto nível, de áreas de trabalho no limiar do conhecimento, em que muito do que pensamos não existe. Muita gente não sabe que em Portugal existe tecnologia ao nível do que estamos aqui a fazer.
E qual o fator que pesou mais nesta conquista?
As competências e o talento português em primeiro lugar. As parcerias com a Universidade do Minho, os centros de conhecimento da região, como o Centro de Computação Gráfica, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia ou o Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros também pesaram. Temos o laboratório de manufatura aditivo da Bosch, na Universidade do Minho, que nos ajuda a desenvolver peças bastante complexas, e vamos ser um dos parceiros mais fortes dos novos laboratórios colaborativos da universidade.
Mas porque é que a mobilidade autónoma é o futuro?
Tem-se falado mais nos automóveis, mas uma das grandes vantagens nesta área será vivida pelos camiões. Ter um camião que carrega em Portugal e passados dois dias está na Suécia, sem paragens, é uma vantagem gigantesca comparativamente ao que temos hoje. Mas também podemos falar de segurança em geral, para carros e camiões. Hoje estimamos que ocorre um acidente a cada 100 mil quilómetros. Com um veículo 100% autónomo estimamos que possa ocorrer um acidente a cada 10 milhões de quilómetros. Isto é baixar a sinistralidade em 99%. Temos mais segurança, menos consumos, menos custos. Depois, se o condutor não tem de conduzir, podemos criar espaços de entretenimento no veículo.
E qual é o maior desafio que tem pela frente para manter este rumo de afirmação e crescimento no futuro?
Neste momento, o fundamental é estabilizar o que já foi conseguido. Mais difícil do que crescer é manter, conseguir incutir confiança aos clientes para continuarem a acreditar em nós no futuro.
BILHETE DE IDENTIDADE DA BOSCH PORTUGAL
Está em Portugal desde 1911 e é hoje um dos maiores empregadores do país, com 4.450 trabalhadores e vendas de 1,5 mil milhões de euros, mais de 90% das quais no mercado externo, o que também dá ao grupo alemão um lugar entre os maiores exportadores. A multinacional, com mais de 402 mil trabalhadores no mundo, está presente em Portugal com fábricas nas áreas de negócio de Soluções de Mobilidade e Energia e Tecnologia, com instalações em Braga, Aveiro e Ovar. O grupo submeteu uma candidatura a fundos europeus para projetos a serem desenvolvidos a partir do novo centro de Tecnologia e Desenvolvimento de Braga. A candidatura, em fase de aprovação, prevê um investimento de 36 milhões de euros entre 2018 e 2022 e é considerada “um passo importante para posicionar Portugal como uma localização estratégica para que a condução autónoma seja uma realidade”.