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Se ninguém pegar na IPETEX a empresa fecha no final do mês

Fábrica de geotêxteis e componentes para automóveis de Vila Chã de Ourique deve quase 10 milhões e a esperança de um final feliz reside nos trabalhadores.

O Mirante, 19-02-2015

A IPETEX – Sociedade de Indústrias Pesadas Têxteis, em Vila Chã de Ourique, Cartaxo, fecha no final deste mês se um grupo de trabalhadores não assumir a produção de encomendas que já tinham sido contratadas. Apesar de a empresa, com meio século de actividade, ter sido declarada insolvente no final de Dezembro do ano passado, foi garantida a laboração até dia 28 de Fevereiro para se cumprirem os compromissos assumidos. O trabalho tem sido assegurado por 35 dos 64 trabalhadores que foram despedidos.

Os funcionários que continuam na fábrica receberam na altura a garantia do pagamento dos ordenados em Janeiro e Fevereiro e, segundo o administrador de insolvência, Ademar Rodrigues Leite, nomeado pelo tribunal, já foi pago o mês passado e parte do vencimento de Fevereiro. Na assembleia de credores que se realizou na quinta-feira, 12 de Fevereiro, na Secção de Comércio do Tribunal da Comarca de Santarém, foi decidido pela maioria proceder à liquidação da empresa. Mas quatro trabalhadores manifestaram interesse em assumir os negócios contratados, até 30 de Junho, e para isso terão de fazer uma proposta ao administrador de insolvência para ser votada pelos credores, até dia 28.

Há duas hipóteses: Ou os trabalhadores interessados compram as encomendas ou então fazem uma cessão da exploração dos negócios em carteira, pagando uma renda. Se não chegar a proposta ou se os credores não concordarem com o proposto é garantido que a empresa acaba. Caso estes quatro ou mais trabalhadores assumam a exploração da fábrica, ficam depois com preferência na sua aquisição. Até agora, esclarece Ademar Rodrigues Leite, têm aparecido estrangeiros interessados em comprar apenas maquinaria ou patentes mas não toda a empresa. A IPETEX, que se dedica, entre outros, ao fabrico de componentes para a indústria automóvel, como tapetes, painéis de porta ou tabliês, tem dívidas de dez milhões de euros. Os créditos reclamados pelos trabalhadores, referentes às compensações pelos despedimentos, são de cerca de 1,1 milhões de euros. O pagamento de grande parte desta dívida está assegurado pela venda, já autorizada pelos credores, de uma linha de produção que não está a ser usada, pelo montante de cerca de 800 mil euros. Um negócio que está a ser intermediado por um sueco.

Quatro anos de quebras nas vendas

Está feito o diagnóstico da decadência da empresa, fundada em 1964 na Estrada Nacional 3, na freguesia de Vila Chã de Ourique. Apesar de não ter dívidas nem ao Fisco nem à Segurança Social, a IPETEX não resistiu a quatro anos seguidos de queda no volume de vendas (perdeu cerca de 2,2 milhões no período 2012/2013), entrando em falência técnica em 2014. Situação que levou ao falhanço do Processo Especial de Revitalização (PER) a que a empresa se tinha submetido e que foi homologado pelo então Tribunal do Cartaxo em 2012. O PER tem como objectivo recuperar a situação económica de um devedor, através de negociações com os credores permitindo a continuidade da actividade.

Novo Banco é o maior credor

Entre uma centena de credores o maior é o Novo Banco, que reclama 6,5 milhões de euros, e que por decisão da assembleia ficou a presidir à comissão de credores, que tem mais quatro membros efectivos: Amílcar Queirós (maior credor da comissão de trabalhadores), Rodome – Consultores Comerciais, Banco Comercial Português e J.F. Campos. Outros credores são fornecedores, desde serviços de segurança das instalações, a oficinas e empresas de logística e transportes e de fornecimento de comunicações e de energia. A IPETEX foi a primeira empresa portuguesa do ramo têxtil a obter a Certificação da Qualidade em 1992, segundo refere a página da firma na internet.


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