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Primeiro carro elétrico português começa a ser produzido em 2016

Escândalo da Volkswagen impulsionou interesse dos fabricantes e dos consumidores por modelos ecológicos.

in Diário de Notícias, 19-10-2015

Tem apenas dois lugares e três rodas, gasta um euro ou menos para fazer 100 km e tem autonomia para 400 km graças à elevada eficiência: é o Veeco, o primeiro veículo elétrico português, cuja produção industrial irá iniciar-se no primeiro trimestre de 2016. “Ainda não estamos a aceitar encomendas fixas porque estamos a negociar encomendas com os forne-cedores, mas tenho interessados para todos os carros que podemos produzir no primeiro ano – cerca de 200”, revela João Oliveira, o mentor do projeto.

Desenvolvido em consórcio pela empresa familiar do Entroncamento VE – Veículos Elétricos e o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, o primeiro protótipo custou 1,5 milhões de euros, dos quais 900 mil financiados por fundos comunitários e está pronto desde o início de 2012. A produção industrial arranca “no primeiro trimestre de 2016”, dividida entre várias empresas portuguesas parceiras do projeto. O preço estimado rondará 23 a 25 mil euros, já com baterias incluídas.

O custo elevado dos veículos elétricos é ainda um dos principais motivos para a fraca adesão à tecnologia em Portugal, apesar dos incentivos fiscais e do subsídio a abate que vigora até ao fim do ano. Até ao início de agosto, de acordo com dados do governo, apenas 58 portugueses beneficiaram do subsídio de 4500 euros para trocar o carro convencional por um elétrico ou híbrido. Até maio, venderam-se apenas 187 carros elétricos e 97 híbridos. “Ao todo, teremos cerca de mil veículos deste género em Portugal”, adianta Helena Silva, diretora executiva do CEIIA, o cluster da mobilidade.

A Mercedes, a Nissan, a Renault, a Opel, a Peugeot e a própria VW comercializam modelos exclusivamente elétricos em Portugal que, mesmo com subsídios ou campanhas de retoma, não custam menos de 15 500 euros e obrigam ao pagamento do aluguer mensal das baterias, um valor que fica entre 50euro e 79 euros. A grande vantagem está no custo de utilização: ronda um euro por cada 100 km percorridos ou menos, enquanto o carregamento nos postos públicos portugueses ainda não tem qualquer custo. A EDP tem também a decorrer uma campanha, até ao final do ano, que oferece descontos na conta da luz e do gás e um ano de eletricidade aos clientes que adquiram um veículo elétrico (ou híbrido) a um dos oito parceiros auto-móveis.

O objetivo nacional é ser, a seguir à Índia e à Holanda, o terceiro país com mais quota nos 20 milhões de veículos elétricos e híbridos que deverão circular até 2020, no âmbito do projeto da Agência Internacional de Energia em que Portugal participa.

Um valor ambicioso face ao stock atual, mas realista dado o crescimento rápido anual da tecnologia, que vai permitindo a descida dos preços dos veículos, e o impulso que o escândalo das emissões da Volkswagen (e de outras marcas, soube-se depois) vieram dar, afinal, aos chamados veículos “limpos”.

“Os fabricantes estão a contornar a questão dando prioridade aos híbridos e elétricos, por isso acredito que vamos atingir o objetivo. Os nossos fabricantes de automóveis estão também a preparar–se para dar resposta a essas exigências ambientais, o que pode contribuir para aumentar as exportações do setor”, considera Helena Silva. “Além disso, temos estado sempre na linha da frente em mobilidade elétrica: iniciámos em 2008 a rede de postos de carregamento em 50 cidades, temos 1300 postos em todo o país integrados numa rede inteligente que somos dos poucos a nível mundial a ter, temos empresas como a Efacec, que é pioneira mundial em equipamentos de carregamento rápido, e estamos a finalizar contactos para produzir, a partir de 2018, um veículo elétrico que será utilizado em serviço de partilha de carro”, acrescentou a diretora do CEIIA.

Com taxas de crescimento acelerado na UE, os veículos de combustível alternativo são já 144 421, com a maioria concentrada na Noruega (6208). Porém, o Reino Unido é o mercado com maior crescimento neste ano (+64,2%), seguido da França (+33,9%), Itália (+18,1%) e Alemanha (+11,3%).


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