«Esta é primeira grande oportunidade de estarmos na crista de uma nova revolução industrial, sem que a distância ou a falta de recursos nos coloque em posição desfavorável», afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa.
in República Portuguesa | Ministério da Economia, 30-01-2017
Esta declaração foi feita na apresentação da estratégia Indústria 4.0, uma estratégia nacional para a digitalização da economia, em Leiria, onde estiveram também presentes o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos.
Sublinhando que Portugal «possui todos os recursos que são essenciais» para estar na vanguarda da revolução digital, o Primeiro-Ministro acrescentou que «este é um daqueles momentos em que não podemos hesitar: Se temos medo da onda e procuramos abrigo, ou se procuramos a onda e a vamos surfar. Creio que aqui não há nenhuma hesitação a ter, temos de surfar esta onda».
A revolução digital «é a primeira revolução industrial em que Portugal não parte em desvantagem», reafirmou António Costa, lembrando que o País tem «os ingredientes de base» para ter sucesso, isto é, «uma boa infraestrutura tecnológica de comunicações e, sobretudo, um conjunto de quadros altamente qualificados, universidades e politécnicos dinâmicos, e um tecido empresarial apto a receber o conhecimento».
Retenção de pessoas altamente qualificadas
O Primeiro-Ministro disse ainda que «a revolução digital assenta no conhecimento, inovação e capacidade tecnológica, sendo uma enorme oportunidade de gerar emprego mais qualificado, com mais conhecimento, mais bem remunerado e mais estável».
Portugal não pode continuar a ver partir para o estrangeiro os seus recursos humanos qualificados, «pelo contrário, temos de continuar a formar mais, a fixá-los, e a dar-lhes perspetivas de desenvolvimento e de futuro aqui no País», referiu também António Costa.
«Este emprego é altamente competitivo em termos internacionais», não sendo possível «atrair e fixar talento com uma política de baixos salários, não é possível atrair e fixar talento com base na precariedade».
A economia digital baseia-se no fornecimento de serviços à distância, através de redes de comunicação, permitindo a empresas localizadas onde quer que haja redes digitais, vender serviços ou bens, ou gerir processos.
Desafios e oportunidades
No mesmo sentido, o Ministro da Economia afirmou que «a quarta revolução industrial nos coloca um enorme desafio, mas também uma enorme oportunidade».
«A indústria portuguesa está preparada e é capaz de responder a esses desafios, que passam pela apresentação de soluções concretas nos próximos anos, designadamente nas áreas do turismo, agroindústria, retalho, maquinaria e indústria automóvel», acrescentou Manuel Caldeira Cabral.
O Ministro lembrou ainda que «os portugueses vão ter de olhar para o desafio das competências digitais, desde o início da vida até ao fim».
Referindo-se ao protocolo de cooperação assinado entre o Governo e a Associação Empresarial para a Inovação Cotec Portugal, que vai coordenar a aplicação das medidas previstas no quadro da Estratégia Nacional para a Digitalização da Economia, Manuel Caldeira Cabral disse que «o recurso aos fundos comunitários é muito importante para criar incentivos» neste âmbito.
O Protocolo visa «acelerar a incorporação dos conceitos e das práticas da indústria 4.0 nas empresas e criar visibilidade internacional das empresas portuguesas no setor, promovendo o País enquanto localização privilegiada para o investimento em projetos de inovação», concluiu.
Formação e requalificação ao longo da vida
O Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, destacou que a formação é um elemento essencial desta estratégia. Na fase inicial, as suas várias iniciativas «permitirão requalificar e formar em competências digitais mais de 20 mil trabalhadores».
«Ao fim de um ano a estudar-se em que ponto é que estamos na indústria dos vários setores do País, é claro para todos que o grosso destas medidas tem a ver com a requalificação de pessoas», disse.
João Vasconcelos afirmou que «estamos a falar de dezenas de milhares de pessoas que vão ter formações em tecnologias da informação e comunicações, em vários níveis, e vai haver uma reprogramação dos conteúdos das escolas profissionais», acrescentando que a nova economia digital implica «uma qualificação ao longo da vida ativa».
Trabalho conjunto entre empresas, universidades e Governo
O Secretário de Estado referiu que a estratégia foi desenvolvida com «quatro grupos de trabalho, onde estavam representadas grandes empresas, pequenas e médias empresas e startups [empresas inovadoras em início de atividade], que trabalharam nas medidas».
Por exemplo, no grupo da agroindústria, «falou-se muito do poder da digitalização na produção agrícola, no transporte e armazenamento de bens alimentares», e no grupo do comércio a retalho, «discutiu-se o comércio eletrónico, o sistema de logística e o marketing digital», disse, acrescentando que «para os setores mais tradicionais da indústria, o comércio eletrónico é uma enorme oportunidade».
No conjunto das 60 medidas, «algumas são 100% privadas, outras 100% públicas, outras privadas e públicas e têm um impacto sobre mais de 50 mil empresas a operar em Portugal».