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NOVA LEGISLAÇÃO EUROPEIA PARA EMISSÕES DE CO2 DOS AUTOMÓVEIS

A Comissão Europeia, em Novembro de 2017, publicou uma proposta de legislação sobre as emissões de CO2 para os veículos ligeiros. Os fabricantes de componentes europeus são líderes mundiais em tecnologias para veículos ligeiros eficientes e de baixas emissões, sustentando a sua competitividade global e apoiando o emprego e a fabricação de automóveis na Europa. Com base no que foi alcançado nos últimos anos, devem definir-se metas realistas e realizáveis até 2030 e que ajudem a atingir os objetivos de combate às alterações climáticas acordados em Paris.

in Revista Fundição nº 284, Março 2018

Adão Ferreira
Secretário-Geral da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel
a.ferreira@afia.pt


 

A proposta legislativa de regulamento europeu que estabelece as normas de desempenho das emissões para os novos automóveis de passageiros e para os novos veículos comerciais ligeiros define limites de emissões mais rigorosos para 2021 (Ligeiros de passageiros – 95 g CO2/km e Comerciais ligeiros – 147 gCO2/km)

Sendo que, as emissões médias dos novos carros e comerciais ligeiros, deverão ser:

  • Em 2025, 15% mais baixas do que em 2021
  • Em 2030, 30% menos do que em 2021

Esta lei terá grande impacto na indústria europeia de componentes automóveis, pelo que, a CLEPA, Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel, emitiu uma tomada de posição.

A AFIA, enquanto membro da CLEPA, tem vindo a divulgar e defender a “via europeia” na redução das emissões de CO2, de modo a transformar a descarbonização dos transportes terrestres numa oportunidade para a indústria e para a sociedade em geral, ao invés de uma transição penosa com impacto questionável para o ambiente e para o emprego.

A indústria de componentes para automóveis oferece soluções para dar forma à mobilidade do futuro, inteligente e com baixas emissões de carbono. Em Portugal esta indústria de componentes assegura emprego direto a cerca de 50.000 pessoas.

Os fabricantes de componentes para automóveis estão comprometidos com as metas de Paris para mitigar os efeitos das alterações climáticas, e pretendem cumpri-las fazendo uso de todo o seu conhecimento e das suas próprias inovações. Nesse sentido, a CLEPA e as entidades que a constituem, emitiram recomendações importantes a propósito desta nova lei sobre emissões de dióxido de carbono:

  • Acima de tudo, a nova legislação sobre emissões de CO2 deve reger-se pela neutralidade tecnológica. Este deve ser um princípio central para promover inovação e competitividade pelas melhores tecnologias, procurando assim cumprir os objetivos previstos para 2030 e datas posteriores.
  • A segunda mensagem mais importante é a de que a UE deve suportar a sua indústria transformadora para cumprir as suas metas ambientais e sociais. Outras regiões do mundo deverão também fazer o mesmo. Não há qualquer razão para a Europa colocar a sua competitividade global em risco, sob o falso pressuposto de “ajudar a indústria”.

A nova legislação europeia para os automóveis deveria definir metas ambiciosas, mas realistas, promovendo todos os caminhos possíveis para uma mobilidade com baixas emissões de dióxido de carbono e guiando a transformação da mobilidade de forma decisiva, mas sensível:

  • A tecnologia demonstra que não existe uma solução “para todos os gostos”: os automóveis e os veículos servem diferentes propósitos de mobilidade e os consumidores devem poder escolher o nível de potência que melhor serve as suas necessidades.
  • Os veículos atuais e os do futuro serão movidos por uma combinação de tecnologias que procuram transferir energia para o movimento, incluindo soluções de sistemas de transmissão elétricos, recuperação de energia, dispositivos de aumento de potência, combustíveis sintéticos (e-fuels) e motores de combustão de alta eficiência. A legislação deveria estar aberta a todas as soluções tecnológicas, em vez de decretar a(s) alternativa(s) a utilizar.

A eletrificação representa, efetivamente, uma parte importante da estratégia europeia para a descarbonização. Deste modo, o seu impacto total deve ser devidamente avaliado e considerado pelo quadro legislativo, o que inclui as consequências para a indústria na Europa, o cabaz energético, a escolha do consumidor e as finanças públicas. Uma avaliação, a médio prazo, do processo de geração de energia, do desenvolvimento de infraestruturas, de penetração do mercado, entre outros elementos, deverá, então, ser incorporada na nova lei para medir o progresso da redução global das emissões de CO2 e para perceber se existirá necessidade de tornar o quadro legislativo mais abrangente

Do ponto de vista da indústria, a eletrificação é muito mais do que “apenas” o tipo de motor ou bateria. A eletrificação significa motorização, mas também recuperação de energia, sistemas de aumento de potência, gestão térmica e muito mais tecnologias. Componentes periféricos, eixos, sistemas de transmissão e outras partes móveis podem tornar-se mais eficientes recorrendo também a tecnologias de hibridização e de eletrificação. Ainda que aparente ser demasiado técnico, este acordo é relevante, já que uma definição demasiado redutora de veículos de “baixas emissões” – principalmente para as metas de venda obrigatórias – traria o risco de descartar tecnologias que, se incorporadas numa abordagem holística, poderiam significar uma redução significativa das emissões, num período de tempo mais reduzido, com custos mais baixos e com muito menos perturbações para a força de trabalho.

Novos tipos de fontes de energia estão a ser desenvolvidos e industrializados em laboratórios e empresas da UE. Entre eles incluem-se combustíveis alternativos avançados e células de nova geração para baterias, reduzindo significativamente o conteúdo de certas matérias-primas e contribuindo para alcançar um equilíbrio positivo do impacto total “do berço ao túmulo” sobre o ambiente.

A hibridização avançada apoia uma transição mais viável, quer ao nível indústria, quer da sociedade, para uma realidade com cada vez mais opções de motorizações alternativas, não comprometendo com isso as necessidades ambientais ou o cumprimento de metas.

Apesar disso, o motor de combustão interna continuará a ser a tecnologia predominante nos novos veículos comercializados para além de 2030, com utilização de combustíveis de nova geração, baixos em emissões em carbono, e com avanços importantes na eficiência dos motores. Os ganhos de eficiência resultarão das melhorias no sistema de propulsão convencional, assim como na combinação do motor de combustão interna com várias formas de eletrificação.

Reduções complementares de CO2 serão conseguidas por melhorias nos sistemas de aquecimento e de arrefecimento, na gestão térmica, na diminuição do peso, na aerodinâmica, nas eco-inovações e no uso de combustíveis alternativos.

Nenhuma solução tecnológica única permitirá alcançar os objetivos de redução de emissões pretendidos, mas sim uma combinação de soluções tecnológicas operará esse objetivo de forma mais rápida e eficiente. O maior desafio coloca-se na descarbonização das fontes de energia.

A indústria europeia é líder mundial em eficiência e ocupa o topo da lista de registos de patentes para tecnologias de eletrificação. A tecnologia oferece soluções eficientes, sofisticadas e acessíveis. Apenas uma abordagem aberta às tecnologias, que abrace os pontos fortes da indústria europeia, pode assegurar uma base financeira para os brutais investimentos iniciais necessários para a produção de motorizações alternativas, bem como para sustentar o futuro de milhões de postos de trabalho altamente qualificados no setor.

 

Para informação mais detalhada sobre a posição da CLEPA acerca da redução das emissões de CO2 consultar:

 


 

 

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