O setor de componentes para automóveis é um pilar fundamental da economia portuguesa com uma forte vertente exportadora, na medida em que exporta cerca de 84 por cento da sua produção. O principal mercado deste setor é a Europa, tendo as exportações aumentado 29 por cento no período de 2007-2015.
in Portugalglobal nº 87, 30-05-2016
A indústria automóvel em Portugal é particularmente significativa, tendo um forte contributo no emprego e no PIB português. As suas três principais áreas de atividade são o fabrico de moldes, o fabrico de componentes e o fabrico de viaturas automóveis.
Segundo a AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, o setor de componentes para automóveis é o mais significativo, agregando cerca de 200 empresas, o que representa 42.000 postos de trabalho.
Em 2015, o setor de produção de componentes exportou 84 por cento da sua produção, sendo que entre 2007 e 2015 as exportações aumentaram 20 por cento.
Os principais mercados de exportação deste setor são Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, o que demonstra a importância do mercado europeu para o setor. É visível que as empresas deste setor fornecem componentes para a maior parte dos modelos automóveis produzidos na Europa.
Sendo um dos setores com maior peso nas exportações, a indústria de componentes para automóveis registou, no ano de 2015, 6.700 milhões de euros em exportações, com um crescimento de sete por cento. Relativamente ao volume de negócios, registou 8.000 mil milhões de euros, um crescimento de cinco por cento.
De referir ainda que o volume de negócios deste setor é mais elevado na atividade metalúrgica e metalomecânica (32 por cento), seguida pela atividade elétrica e eletrónica (29 por cento). Os plásticos e as borrachas dizem respeito a 19 por cento, os têxteis e outros revestimentos a 10 por cento, a montagem de sistemas a oito por cento e as outras atividades a dois por cento.
A maior parte das empresas deste setor produz componentes e acessórios para veículos automóveis, mais especificamente 48,5 por cento. De seguida, surgem as empresas, cerca de 14,5 por cento, que produzem artigos de matérias plásticas, e cerca de seis por cento das empresas produz artigos de borracha.
Cerca de 51 por cento das empresas instaladas em Portugal têm capital maioritariamente estrangeiro, enquanto as restantes 49 por cento apresentam capital maioritariamente nacional.
Em termos de localização, a maior parte das empresas deste setor encontra-se no norte do país, essencialmente nos distritos de Aveiro, Porto e Braga. A principal atração do norte do país é o seu custo, tanto de trabalho como de terra. Além disso, permite uma maior proximidade a grandes fábricas de automóveis, como a Renault e a PSA.
O setor recebe frequentemente investimentos para a implementação de projetos inovadores e novos produtos, o que demonstra a confiança dos investidores na indústria automóvel portuguesa. O investimento promovido no setor da produção das componentes assenta na inovação ao nível da engenharia de processos e de produtos, contribuindo assim para a produtividade nacional, a criação de emprego e o aumento das exportações.
Efetivamente, os processos tecnológicos sofisticados são uma aposta crescente, permitindo diferenciar a indústria automóvel portuguesa na Europa e no mundo, que é cada vez mais reconhecida pela sua qualidade. Esta distinção verifica-se igualmente na exigência de recursos humanos qualificados, capazes de dotar a indústria de uma maior qualidade.
Sendo a Península Ibérica uma das mais importantes regiões de produção automóvel na Europa, Portugal apresenta uma posição bastante importante e competitiva para atrair investimento. Portugal tem vindo assim a assistir a um crescente número de investimentos no setor. Cada vez mais, empresas da indústria de componentes para automóveis instaladas em Portugal investem em projetos de expansão e em novas localizações no nosso país, com contributos fundamentais para as exportações, o emprego e a inovação.
Paralelamente, diversas empresas têm vindo a reforçar as suas unidades de produção, o que tem impactos significativos no crescimento das redes de fornecedores em Portugal. As redes de fornecedores são fundamentais para facilitar o acesso aos fornecedores, bem como para aproximar as empresas e assegurar um maior valor acrescentado nacional.
Relativamente ao custo, Portugal é o país mais competitivo da Europa Ocidental, sendo os seus principais concorrentes os mercados da África do Norte e da Europa Oriental.
Desta forma, é visível que a indústria de componentes para automóveis em Portugal tem muitas vantagens competitivas que lhe conferem um elevado reconhecimento, como a mão-de-obra qualificada, a componente exportadora das empresas, a capacidade de produção flexível, o nível de qualidade, o elevado investimento, o grau de inovação da engenharia e a aposta contínua na formação e na valorização profissional dos seus recursos humanos.