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Fraude VW ainda não afectou indústria de componentes

As 200 empresas instaladas em Portugal ainda não foram afectadas pelo escândalo. A AFIA relembra que o diesel continua a ser um dos pilares das tecnologias de baixa emissão de CO2.

in Diário Económico, por Sara Piteira Mota, 15-10-2015

Passado quase um mês desde que rebentou o escândalo de fraude do grupo Volkswagen (VW), os fabricantes de componentes para automóveis em Portugal garantem que a sua actividade mantém-se estável e esperam alcançar este ano novos máximos a nível do volume de negócios e de exportações.

Tomás Moreira, presidente da AFIA, confirma ao Diário Económico que, “até ao momento, a indústria não sentiu, no seguimento deste caso, nenhuma redução nas suas encomendas de curto prazo. A perspectiva a médio/longo prazo é que não venha a ocorrer uma quebra das suas vendas”.

A indústria de fabricantes de componentes para automóveis em Portugal conta com 200 empresas, emprega cerca de 42 mil pessoas e gerou 7,5 mil milhões de euros de receitas em 2014. Muitos destes produtores são clientes do grupo VW e da Autoeuropa. Entre Janeiro e Agosto, as exportações do sector ascenderam a 4,371 mil milhões euros, mais 13,1% que em igual período do ano passado.

Até ao momento, a produção na Autoeuropa mantém-se estável (460 unidades diárias), mas os 15 fornecedores do parque industrial de Palmela assumem-se preocupados com os planos do grupo alemão para as suas fábricas.

Carros têm de ser testados em condições reais

Tomás Moreira relembra que os motores diesel têm “vantagens e inconvenientes” face aos motores a gasolina. Se os motores diesel emitem mais óxidos de azoto (NOx), os motores a gasolina são responsáveis por emitir mais dióxidos de carbono (CO2). “A indústria automóvel está confiante de que a nova norma Euro 6 e novos testes em condições reais de condução irão dar a resposta pretendida pelas políticas ambientais e pela sociedade – seja para motores a gasolina ou a gasóleo”, sublinha.

O problema com as emissões reais não se prende com as tecnologias dos motores nem com as de controlo de emissões, mas sim com a aplicação de componentes em certos automóveis. “Esta calibração correcta e a integração dos componentes nos sistemas dos automóveis é da responsabilidade do fabricante automóvel”, refere um comunicado da Associação Europeia dos Fabricantes de Componentes para Automóveis (CLEPA).

No passado dia 18 de Setembro, a VW admitiu ter equipado milhões de carros com um ‘software’ que manipula testes de emissões NOx em laboratório. Em consequência desta fraude, o grupo alemão traçou um plano que visa cortar mil milhões de euros por ano. A nova estratégia inclui o reforço da instalação do aditivo AdBlue, criado à base de ureia e água desmineralizada, associado ao catalisador SCR. A plataforma MQB, que está a ser implementada na Autoeuropa, também será adaptada à nova estratégia da marca. Haverá ainda um reforço dos híbridos ‘plug-in’ (carregados através da corrente eléctrica) que deverão ter uma autonomia até 300 quilómetros, com uma bateria de 48 volt, além do uso de gasóleo, gasolina e gás natural mais eficientes.

A VW deverá ainda desenvolver um ‘kit’ eléctrico para ligeiros de passageiros e de mercadorias, com uma autonomia entre os 250 e os 500 quilómetros. A marca inclui ainda a redefinição do topo de gama, o Phaeton, que na próxima geração deverá arrancar em meados de 2017 com uma versão 100% eléctrica.


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