O sector de componentes para a indústria automóvel continua a demonstrar um sólido desempenho traduzido num aumento de 7% de exportações quando comparados os valores acumulados de Outubro de 2018 versus 2017.
in AFIA, 22-11-2018
Este é um sinal de vitalidade que reflete a tendência de anos anteriores de aumento de penetração dos componentes produzidos em Portugal, já que o mercado automóvel europeu, principal destino das exportações portuguesas, irá crescer perto de 2%.
Apesar desta vitalidade demonstrada pelo sector há motivos de preocupação.
Depois da crise de 2009, o sector de componentes tem vindo a crescer as suas vendas a um ritmo anual que tem variado entre os 5% e os 10%, com reflexo directo no crescimento das exportações do sector.
Do lado da procura, esta evolução muito positiva deveu-se a vários factores conjugados:
- Retoma, moderada mas sustentada, da produção de automóveis na Europa
- Espanha, principal cliente da indústria de componentes portuguesa, foi dos mercados com maior crescimento
- A nossa indústria ganhou posições na Gra-Bretanha, aproveitando a revitalização da produção automóvel
- Com excepção da América do Sul, Crescimento forte e sustentado da produção de automóveis no resto do mundo, que no total representam 8% do destino das nossas exportações
- A partir de 2017, novos modelos lançados nas duas principais fábricas de automóveis portuguesas, com volumes de produção recorde.
Estes factores que levaram ao crescimento do nosso mercado terão nos próximos anos uma evolução previsivelmente menos positiva:
- A produção de automóveis em Portugal e em Espanha estará a atingir um pico e a partir de 2019 dificilmente continuará a crescer, a não ser através da eventual instalação de um novo construtor automóvel, o que é apenas uma possibilidade longínqua.
- O mercado europeu está a retrair-se, em 2018 produzir-se-ão na Europa menos carros do que em 2017
- O Brexit poderá travar as nossas exportações para o Reino Unido, o quarto maior mercado das nossas exportações, e com forte probabilidade provocará alguma retração do mercado
- O protecionismo comercial crescente por parte dos EUA irá reduzir as exportações europeias para esse destino e poderá ser copiado por outros países, levando a barreiras tarifárias que reduzirão o comércio internacional
- As regulamentações de combate às emissões de: CO2, Dióxido de Nitrogénio (NO x) e partículas, estão a colocar exigências e desafios difíceis de superar
- A pressão para electrificação traz desafios acrescidos para as motorizações tradicionais
- As novas tendências da mobilidade irão trazer uma redução do número de carros em circulação.
Todos estes factores, quer cada um individualmente, quer no seu conjunto, estão a alterar significativamente a envolvente em que operam os fabricantes de componentes para a indústria automóvel. A AFIA e os agentes do sector estão a acompanhar esta evolução com atenção e apreensão.