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ACAP | PORTUGAL: UM PAÍS PRODUTOR DE AUTOMÓVEIS

ACAP – ASSOCIAÇÃO AUTOMÓVEL DE PORTUGAL

in Portugalglobal nº87, por Jorge Rosa, ACAP

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Portugal fabrica cada vez mais automóveis, inclusive mais do que países europeus tradicionalmente produtores. Os automóveis são o produto mais exportado em Portugal, representando 11 por cento das exportações nacionais. Os principais mercados de destino das exportações são a Alemanha, Espanha, China, Reino Unido e França.

A indústria automóvel nacional remonta a 1959 e tem origem na tomada de consciência, por parte do governo em funções, do forte desequilíbrio da balança comercial do país e no contributo da importação de automóveis para o agravamento do défice externo.

Com efeito, as importações de veículos já representavam 7 por cento de todas as compras externas e 18 por cento do desequilíbrio da balança, verificando- se simultaneamente um rápido crescimento destes indicadores.

A industrialização automóvel foi bastante benéfica para o país pois trouxe consigo a inovação no domínio dos processos e dos produtos, a transferência de tecnologia de outros países mais evoluídos e o aumento do investimento em investigação e desenvolvimento.

Atualmente, Portugal fabrica mais veículos automóveis do que países europeus tradicionalmente produtores de automóveis como a Suécia, Holanda, Finlândia e Áustria, sem mencionar outros como a Dinamarca que não são fabricantes. Não sendo um grande produtor, Portugal tem um lugar de honra na lista dos cerca de 40 países fabricantes mundiais de automóveis.

Existem quatro fábricas a operar em Portugal: Mitsubishi Fuso Truck Europe, PSA Peugeot Citroen, Toyota Caetano e Volkswagen Autoeuropa.

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O encerramento das fábricas da Ford em 2000 e da GM em 2006, ambas localizadas na Azambuja, interrompeu um ciclo de crescimento dourado da indústria nacional que ficou fortemente dependente da produção da Volkswagen Autoeuropa, a qual representa quase 70 por cento da produção nacional, tal como pode ser constado no gráfico seguinte.

Para além das quatro fábricas produtoras de veículos automóveis existem centenas de fábricas fabricantes de componentes para automóveis, sendo as mais importantes a Continental, Delphi, Faurecia, Renault Cacia e Bosch.

Os principais destinos das exportações nacionais de veículos automóveis são a Alemanha, Espanha, China, Reino Unido e França.

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Importância do setor automóvel

A Europa possui uma forte tradição na indústria automóvel, saindo das suas linhas de montagem alguns dos melhores automóveis do mundo.

A indústria automóvel é um setor estratégico na União Europeia, onde 17,2 milhões de automóveis e veículos comerciais são fabricados anualmente, e emprega 2,3 milhões de pessoas altamente especializadas, representando 7,6 por cento de toda a mão- -de-obra da indústria europeia.

A indústria automóvel em Portugal, em termos globais, é responsável por um volume de negócios de 6,5 mil milhões de euros, sendo este gerado por 417 sociedades, responsáveis por 31.700 postos de trabalho diretos.

Os veículos automóveis, reboques e semirreboques são, no ranking do INE, a categoria de produto mais exportada, à frente dos produtos petrolíferos refinados, dos produtos alimentares, dos produtos químicos e dos artigos de vestuário e calçado.

A taxa de cobertura das importações pelas exportações em valor foi, no setor automóvel, em 2015, de 80 por cento, sendo este responsável por 11 por cento das exportações do país.

Necessidade de relançar o setor automóvel

Recentemente, políticos e jornalistas voltaram a chamar a atenção dos portugueses para o aumento das vendas de automóveis e para o desequilíbrio que o mesmo poderá provocar na balança comercial do país.

Normalmente, este tipo de narrativa antecede e alimenta um novo aumento de impostos, num setor que já possui uma das mais pesadas cargas fiscais do mundo.

Simultaneamente é esquecida uma evidência que salta à vista e que consiste no facto de o nosso país possuir um setor industrial que fabrica e exporta este produto e os seus respetivos componentes, o que não sucede com outros bens de consumo duradouro, como, por exemplo, telemóveis, equipamento eletrónico de entretenimento (tablets, consolas, vídeo jogos, etc.), material fotográfico, equipamento hi-fi, entre outros. Estes bens de consumo duradouro são importados, uma vez que não existe produção dos mesmos para exportação, ou para substituição de importações, e o seu consumo apresenta elevadas taxas de crescimento, não sendo sujeitos a fortes impostos especiais de consumo como o automóvel.

O recente aumento das vendas de automóveis resulta apenas da normal recuperação da forte quebra das vendas registadas nos anos de crise, a qual originou um excedente comercial na balança do setor, com as exportações a superar as importações.

O setor automóvel deve ser eleito como um setor prioritário para o país, devendo ser elaborada uma estratégia para o seu desenvolvimento, incluindo a definição de metas e objetivos a médio e longo prazo, para que o superavit da balança comercial automóvel se torne definitivo.

A recente candidatura de um vasto conjunto de empresas, de entidades do sistema de investigação e desenvolvimento e de associações do setor ao Cluster do Setor Automóvel, no quadro do Despacho n.º 2909/2015 de 23 de março, o qual abre um novo ciclo de política pública de apoio à dinâmica de “clusterização” empresarial, é um exemplo da nova dinâmica que é necessário criar.

É assim necessário relançar o setor automóvel pelo lado da oferta, mas sem conter a procura através do aumento dos impostos, pois só esta política poderá voltar a atrair investimento ao país e assegurar o crescimento do setor no longo prazo.

Neste sentido, foi recentemente criada uma associação de âmbito nacional, constituída por entidades que desenvolvem atividades nos setores e fileiras da cadeia de valor da indústria automóvel, nomeadamente, construção automóvel, componentes de automóvel, atividades conexas, bem como associações de empresas e instituições de suporte relevantes, como as entidades não empresariais do Sistema Nacional de Investigação e Inovação (SNI&I), outras entidades de transferência de tecnologia e representantes de organismos de Ensino Superior e de Formação Profissional.

Esta Associação, MOBINOV – Associação do Cluster Automóvel, é uma plataforma aberta de apoio à dinâmica de “clusterização” das indústrias do setor automóvel, reforçando a articulação de atores e iniciativas para a promoção de uma crescente valorização da competitividade e da internacionalização, que tem como objeto:

  • O estabelecimento e gestão de uma plataforma agregadora de conhecimento e competência no âmbito da indústria do setor automóvel, reconhecida institucionalmente como um cluster económico de competitividade e interesse nacional. Pretende-se, ainda, que sejam criadas condições tendentes à obtenção de níveis de inovação e desenvolvimento tecnológico alargados, potenciando a competitivisociação, coordenar, gerir, executar, promover e divulgar ações que visem reforçar a articulação de atores e iniciativas, promovendo parcerias e dinâmicas de “clusterização” sustentáveis e valorização empresarial nos setores e fileiras da industria automóvel; desenvolver as cadeias de valor dos construtores e fornecedores em Portugal e nos mercados de proximidade; e desenvolver estratégias globais de fornecimento da indústria de componentes e seus clientes.

Com a criação deste Cluster da Indústria Automóvel, pretende-se reforçar a competitividade de um sector fundamental da nossa economia promovendo, igualmente, o aumento das exportações do país.



Análise SWOT

A indústria automóvel tem um impacto significativo em toda a economia, com efeitos em cascata, induzindo a criação de uma vasta cadeia de fornecimento e gerando uma enorme diversidade de serviços e de fontes de valor acrescentado.

Ao longo dos anos a indústria automóvel nacional, incluindo o subsetor dos componentes, soube resistir à concorrência internacional, apresentando pontos fortes que superam os fracos e oportunidades que saberão impor-se às ameaças, tal como pode ser observado na seguinte análise SWOT:

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