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Acabou o prazo: PSA Mangualde “aguarda serenamente” resposta sobre portagens

Futuro da fábrica do grupo Peugeot-Citröen esteve sob ameaça no início do ano por causa da classificação dos veículos produzidos em Portugal.

in Dinheiro Vivo, por Diogo Ferreira Nunes, 31-07-2018


“O investimento da PSA em Mangualde está em risco no médio prazo”. Esta foi a ameaça deixada dia 8 de fevereiro pelo diretor-geral do grupo PSA (Peugeot-Citröen), Alfredo Amaral, quando questionado sobre o facto de a nova geração de comerciais ligeiros, que começará a ser produzida em série em outubro, ser classificada como veículo de classe 2 nas portagens por ter mais de 1,10 metros de altura no eixo da frente.

O grupo francês exigiu uma resposta “até ao final de julho” para saber se há alguma alteração da lei. Só que o prazo termina esta terça-feira e o Governo nada disse. Mas a PSA também não tomou qualquer decisão sobre o futuro da fábrica do distrito de Viseu.

“O Grupo PSA está em sintonia com as entidades competentes e, por isso, estamos a aguardar serenamente”, afirma ao Dinheiro Vivo fonte oficial do grupo automóvel liderado por Carlos Tavares. Responsável pela questão das portagens, o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas recorda as declarações prestadas nos últimos meses: “Estamos a negociar a questão das portagens com as concessionárias”, afirma fonte oficial do gabinete de Pedro Marques.

Esta incerteza põe em causa o futuro da fábrica no médio prazo e também é crucial para a continuidade do terceiro turno, que conta com 225 trabalhadores, e que poderá terminar no final de outubro. Esta equipa foi criada em abril para ajudar a produzir as últimas unidades da atual geração da Citröen Berlingo e da Peugeot Partner. Atualmente, a PSA Mangualde conta com mais de 900 operários.

Além da produção, a questão das portagens tem condicionado o calendário de apresentação do novo modelo, que estava prevista para março.

O grupo PSA prevê, em 2019, a produção de 100 mil unidades, em Mangualde, da nova geração dos modelos Berlingo e Partner, 20% das quais destinadas ao mercado português. Ou seja, o impacto da classe 2 nas portagens para o K9 afetará 20 mil veículos em todo o ano de 2019, estima o grupo francês. “Se for amputada esta componente terá impacto sobre emprego. A médio prazo, serão levantadas muitas questões”, avisou Alberto Amaral no início de fevereiro.

Para se preparar para a produção dos novos modelos, a empresa de Mangualde recebeu cerca de 50 milhões de euros, verba destinada ao investimento global na “industrialização do carro” e à “transformação da fábrica”. Valor apoiado por fundos comunitários – foi um dos primeiros projetos a beneficiar do Portugal 2020 – e anunciado em junho de 2015.

Na altura, a PSA Mangualde destacava que o lançamento da produção do K9, veículos de nova geração, estava associado à “ambição de aumentar o número de fornecedores nacionais da fábrica de Mangualde”.

Críticas ao sistema de portagens

O sistema de classes das portagens nas autoestradas portuguesas foi criado há quase 30 anos. As marcas automóveis entendem que são necessárias mudanças nesta avaliação porque os veículos “têm sido alterados por questões de segurança e que obrigam a mais espaço na parte da frente. Sobe-se a altura à frente para que o peão enrole e fique mais protegido”. Estas empresas querem que a altura do eixo da frente deixe de ser considerada como critério para definir as classes.

Desde julho de 2017 que o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas tem um documento elaborado por um grupo de trabalho parlamentar para a alteração das classes das portagens. O relatório sugere as classes de portagens passem a ser definidas apenas conforme o peso dos veículos, ou seja, “um veículo ligeiro deveria ter uma classe. Os restantes pesados, conforme o número de eixos, deveriam ter outras classificações”, sugeriu Alfredo Amaral no início de fevereiro.

Em março, o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas constituiu uma nova comissão para renegociar o contrato com a Brisa Concessão, maior gestora privada de autoestradas. Além da classificação das portagens, esta comissão vai avaliar as regras relativas a alargamentos de vidas e a definição de mecanismos relativos à monitorização e avaliação da qualidade de serviço. A Brisa tem referido que nas negociações “será tido em conta o equilíbrio financeiro da concessão” e que em 2004, após pedido do Governo, introduziu um regime especial para os monovolumes de sete lugares.

 

 

 

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