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A linha ferroviária Aveiro – Salamanca é vital para a sobrevivência do sector automóvel

A indústria automóvel representa 20% das exportações de bens transaccionáveis de Portugal, tendo-se tornado um sector industrial absolutamente vital e insubstituível para a nossa economia. Neste sentido, a AFIA considera ser de primordial importância a linha Aveiro – Salamanca – Burgos que tarda a ser lançada.

in AFIA, 13-06-2018


Considerando que os custos logísticos são reconhecidamente um factor de competitividade crítico para a concorrência internacional, a AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel acaba de realizar um inquérito para levantamento da realidade logística dos seus associados, do qual extraiu importantes conclusões sobre a situação presente e as perspectivas futuras.

Deste inquérito, conclui-se que hoje os fabricantes de componentes instalados em Portugal exportam 85 % da sua produção e importam mais de 80 % dos materiais ou componentes que transformam.

Os custos de logística (combustíveis, portagens, fretes portuários) em Portugal são maioritariamente mais elevados do que noutros países nossos concorrentes, acentuando o efeito de Portugal como país limítrofe e por isso afetando a competitividade e atratividade das nossas empresas e produtos.

A esmagadora maioria das nossas importações e exportações têm como origem/destino países europeus, com a Espanha em primeiro lugar destacado.

Para o movimento destas suas cargas dentro da Europa, as empresas utilizam hoje em mais de 90% a via rodoviária e em reduzida escala as vias marítima e aérea.

O volume transportado por via ferroviária é insignificante ou mesmo nulo, não sendo hoje uma opção real, devido à total imprevisibilidade de prazos (particularmente crítica nos fornecimentos à indústria automóvel), mas também devido às velocidades ridiculamente baixas, reduzidíssima frequência de circulação, preços pouco competitivos, transbordos com elevados custos e demoras, a que devemos acrescentar a tradicional falta de sensibilidade e agressividade comercial dos principais operadores.

Olhando para o futuro, percebemos que:

O transporte rodoviário, do qual hoje dependemos quase em exclusivo, verá os seus custos agravarem-se fortemente a curto prazo, quer por aumentos de preço dos combustíveis fósseis quer pela introdução de taxas ou impostos verdes tendentes a contrariar a sua utilização. O inevitável crescimento dos custos de transporte terrestre de e para a Europa afectará as empresas sediadas em Portugal duplamente: na importação e na exportação, pondo em risco a sua competitividade.

Em contrapartida, perspectiva-se que a vantagem de custo dos transportes ferroviários venha a crescer continuamente, sobretudo se optimizados através de soluções de intermodalidade (transporte de camiões e atrelados sobre vagões, centros de consolidação logística, etc.). O transporte por ferrovia apresenta no médio/longo prazo um potencial de economia de custos que para as empresas do sector automóvel representaria um ganho de competitividade dificilmente quantificável mas seguramente de extrema relevância.

Assim, concluímos que:

A longo prazo será fundamental para a sobrevivência da nossa indústria a existência de boas ligações ferroviárias a Espanha e ultra-Pirinéus, de preferência com bitolas que não obriguem a transbordos.

Considerando que 75 % desta indústria se situa a norte do distrito de Leiria, a já planeada linha Sines – Badajoz – Madrid – Burgos não é alternativa possível. Pelo contrário, é de primordial importância a linha Aveiro – Salamanca – Burgos que tarda a ser lançada.

O Governo não poderá perder a oportunidade de inscrever no próximo quadro comunitário 2021-2027 os fundos necessários para a construção da nova linha Aveiro-Salamanca.

De acordo com Tomás Moreira, presidente da AFIA, «se isso não acontecesse, estaria a cometer-se um atentado contra a nossa economia, pois a médio prazo condenaríamos as nossas empresas a um isolamento ferroviário com consequências fatais para o seu desenvolvimento e para a sobrevivência da indústria automóvel em Portugal».

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