Perto de 56 por cento do volume de negócios do aftermarket automóvel português, que rondará os 2,4 mil milhões de euros, «está nas mãos de 74 empresas».
in AICEP, 25-05-2015
Quem o sublinha é o presidente da Divisão de Peças e Acessórios Independentes da ACAP, a poucos dias do expoMECÂNICA 2015 ocupar a EXPONOR com as mais recentes novidades do mercado oficinal e a realidade empresarial de 140 dos seus operadores económicos. Apesar da conjuntura, o Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto cresceu em expositores (33 por cento), área (57 por cento) e apoios…
A conjuntura desfavorável bateu forte no mercado automóvel português na última meia dúzia de anos, mas não conseguiu abalar – muito menos mudar – a estrutura empresarial do seu pós-venda. E, na antecâmara da 2.ª edição do expoMECÂNICA – Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto, a realidade de 2009 surge em 2015 como que praticamente imutável aos olhos de quem observa e estuda o setor: não obstante o respetivo tecido ser composto em 72 por cento por firmas de pequena dimensão (cujas vendas não excedem os 500 mil euros) – responsáveis por unicamente 15 por cento da atividade comercial -, «mais de metade do negócio total, cerca de 56 por cento, está nas mãos de 74 empresas». Apenas.
Na esfera do expoMECÂNICA 2015 ocorrerão cerca de uma trintena de iniciativas paralelas, que permitem conferir não só um acrescido dinamismo ao acontecimento como servem de mostruário da vitalidade do setor.
Retoma com crescimento de 2 a 3 por cento ao ano, diz a ARAN
Ora, a fazer fé não só nos últimos indicadores económicos como também na prospetiva das associações representativas da área, o pior parece ter já passado. Será mesmo assim?
Para o diretor da DPAI da ACAP, os anos mais difíceis «já filtraram o mercado», tendo sobrevivido apenas as empresas «que adoptaram as estratégias de crescimento adequadas». Há, no entanto, um (ainda) «longo caminho a percorrer», no âmbito da «qualificação, da adopção de boas práticas e do acesso à crescente complexidade técnica dos veículos». Fatores que Joaquim Candeias considera «determinantes» para assegurar a «continuidade de muitos operadores económicos» e uma «maior capacidade competitiva».
É por estas e por outras, razões, que o presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), António Teixeira Lopes, acredita num crescimento muito lento do pós-venda automóvel luso (avaliado em 2,4 mil milhões de euros de volume de negócios), já a partir deste ano. «Infelizmente, a retoma ocorrerá muito devagar, sendo no aftermarket na ordem dos 2 a 3 por cento ao ano», prognostica, sob a égide do 2.º Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto.
A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), que também empresta o seu apoio ao expoMECÂNICA, alinha pelo mesmo diapasão. Jorge Neves da Silva, secretário-geral da instituição, situa entre 2008 e 2012 os anos negros do setor (em que encerraram mais de 5.000 oficinas), e aponta 2013 como o ano do início da “reação”. «Apesar de continuar a encerrar um número significativo de empresas, tem-se assistido ao aparecimento de novos operadores, os quais, de certo modo, vieram repor a dimensão do mercado», pondera, sinalizando no ano transacto o fim da «crise muito profunda».
As perspetivas, são, por isso, de um «crescimento que, contudo, não deixará de ser lento», isto «se, entretanto, não forem tomadas medidas pró-ativas do ponto de vista legislativo» rumo à sustentabilidade do setor, argumenta Jorge Neves da Silva.
200 milhões em impostos por cobrar
A economia paralela tem sido, nos últimos anos, um dos alvos principais dos esforços associativo-empresariais. Ao ponto do líder da ARAN enfatizar, no encerramento do último ano fiscal, que o Estado português estará a perder anualmente 200 milhões de euros em impostos por não proceder à devida fiscalização das cerca de 2.500 oficinas ilegais que existirão no País. «Cerca de 40 por cento da atividade oficinal portuguesa escapa a impostos, por estar ilegal ou não passar fatura», sublinhou Teixeira Lopes, então.
Esta «muito visível» economia paralela do setor «sempre existiu», ressalva o representante da ANECRA, «mas nunca se sentiu de uma forma tão intensa, impactante e dramática como agora». E que está, enfatiza Neves da Silva, a penalizar sobremaneira a «muito ligeira» recuperação do aftermarket automóvel luso.
Feira cresceu em expositores (33 por cento), área (57 por cento) e apoios
Apesar deste contexto, e a exemplo do que havia acontecido no ano passado, aquando da estreia do Salão de Equipamentos, Serviços e Peças Auto, a resposta do tecido empresarial à 2.ª chamada do expoMECÂNICA voltou a exceder as expectativas da Organização.
Segundo José Manuel Costa, diretor da KiKai, nos contactos mantidos com os operadores do setor nos últimos meses, «inúmeras empresas notaram-nos que o contexto económico desfavorável incutiu a necessidade de novas estratégias, as quais permitiram não só um ajustamento ao mercado como, inclusive, um crescimento comercial, em variadíssimos casos».
«Mais do que alcançar as metas – já de si ambiciosas – a que nos propusemos, conseguimos ultrapassá-las! Se abrisse hoje portas, o expoMECÂNICA mostrar-se-ia com 140 empresas e entidades inscritas (mais cinco do que objetivo), e estamos com dificuldade em dizer “não” aos pedidos de participação que ainda vamos recebendo, para preencher os quase 11 mil metros quadrados de área que programámos e que estão praticamente lotados há duas/três semanas. Feitas as contas, a feira cresceu 33 por cento em expositores, 57 por cento em área e conquistou mais apoios institucionais», refere o mesmo responsável, satisfeito com a taxa de fidelidade ao evento na ordem dos 80 por cento e pela circunstância de ter conseguido chegar a meia centena de novos expositores.
O número de global de marcas (nacionais e internacionais) representadas, por sua vez, deverá exceder as 650 de 2014.
Em face dos indicadores de crescimento da mostra, e da trintena de iniciativas paralelas previstas no programa (palestras, debates, workshops, apresentação de novidades e produtos, entre outros), Sónia Rodrigues, igualmente diretora na KiKai, acredita que o índice da visitação poderá ver-se incrementado em 34 por cento, a rondar as 15 mil entradas de profissionais do setor. «É uma fasquia ambiciosa, mas julgamos estarem reunidas todas as condições para lá chegarmos. Acima de tudo, queremos que o expoMECÂNICA se consolide como o acontecimento que faz a diferença na sua área de atuação. E onde os negócios acontecem», remata.